domingo, 1 de fevereiro de 2009

Xadrez

por Pedro Aladar Tonelli
O Xadrez, como vocês sabem, é um desses jogos que nos entretêm pela internet. Dizem até que antigamente, num passado não tão remoto assim, era possível se jogar xadrez sem computador! Podia-se comprar tabuleiros e peças que representavam os figurinos de hoje, geralmente eram feitos em madeira ou plástico. Depois saía-se por ai ensinando as regras aos amigos e procurando quem quisesse jogar e perder uma partida. Desnecessário dizer que esta forma do jogo trazia sempre o risco de uma manifestação violenta do adversário, em caso de derrota, acabar em lesão corporal no vencedor.

Também é obvio que a clientela habitual uma hora não veria mais a menor graça em ficar perdendo pra você (e ainda com aquela cara de ser superior) e, sem internet, você deveria ir a um "clube de xadrez". Estes eram os lugares onde se reuniam enxadristas para, principalmente, aniquilar o ego dos outros. Os pais nem se importavam, nem havia CPI´s sobre clubes de xadrez, pois estes gozavam de ótima reputação ocidental desde a idade média. Imagina se algum meliante iria a um clube de xadrez! Era um ambiente de damas e cavalheiros bem comportados. (As damas ficavam sempre ao lado dos reis!).

Mas também nos clubes de xadrez chega o dia em que seu talento já não dispõe de desafios muito grandes. Restou este hábito de ir ao clube para desfilar os argumentos arrogantes sobre posições ganhas, ética dos derrotados e aberturas condenadas. Como se estivéssemos num congresso científico.

Entre os milhões de habitantes de São Paulo, muitos jogam xadrez e passaram seu período pré-internet imersos nestes clubes de xadrez. Um templo com liturgia própria com símbolos estranhos com asseclas de todas as idades entre sete e oitenta anos fugindo das realidades mais diversas. Quase todos também passaram pelo templo-mor do culto enxadrístico em São Paulo: O CXSP, na rua Araújo. Todos têm suas figuras míticas desta época. As minhas: Antonio Rocha, Hermann Claudius, Cajal, o seo Isidoro, o seo Virgilio, o Pano (Panayote), o Filguth e o Segal! Velhos tempos.

No sábado passado, ou foi na sexta [1], a folha de S. Paulo fez uma amarga reportagem sobre o CXSP. O Clube está quase fechando e os tabuleiros (palcos de grandes e mortíferas batalhas) estão às moscas.

Bom, se você é um admirador do xadrez, não tem com que se preocupar, se você sabe xadrez é porque tem internet e um apelido para o seu alter-ego enxadrístico na rede (veja [2], por exemplo). Mas se você precisa, por algum motivo, sair de casa, fugir da realidade e exercitar ao vivo o seu sarcasmo então o xeque-mate está próximo amigo.


[1] http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u483077.shtml
[2] http://www.chesscubes.com

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