domingo, 1 de fevereiro de 2009

O xadrez na educação para a diversidade

por Lígia Mumic Silveira Neves
http://www.clubedexadrez.com.br/menu_artigos.asp?s=cmdview1003

O Projeto Xadrez nas Escolas de São Sebastião do Paraíso/MG, que é mantido pela Prefeitura Municipal, foi implantado na Escola Estadual "Mariana Marques" - Educação Especial - APAE em 1997 e desde então as aulas vêm sendo ministradas por professores do projeto, que fazem uma adaptação na metodologia para facilitar a aprendizagem dos nossos alunos especiais.

Aos estudantes DM (deficientes mentais) são usados recursos didáticos como murais, tabuleiros e peças, histórias, vídeos, dramatizações, utilizando o xadrez como um apoio interdisciplinar que contribui para o desenvolvimento da memória, capacidade de concentração, velocidade de raciocínio, além de ser um excelente impulsionador da imaginação.

Como professora de portadores de deficiência mental com dificuldade de aprendizagem, pude constatar a melhoria no processo ensino-aprendizagem que o xadrez proporciona, respeitando o comprometimento e os níveis das deficiências dos nossos alunos.

Vou citar como exemplo positivo o ex-aluno Juliano Duarte Barreto, que hoje está com 24 anos, cursa o ensino supletivo de 5ª a 8ª séries, freqüenta um curso de computação e trabalha numa fábrica.

Tem como passatempo favorito ler todo o assunto que relata o tema xadrez, como o livro Xadrez Básico, de Orfeu D’Agostini, edições das revistas Lance e Xadrez Alternativo. Atualmente está lendo Mequinho – O perfil de um gênio, escrito por Rubens Filguth.
Mas o que Juliano aprecia mesmo é jogar e hoje já apresenta um vasto currículo no panorama enxadrístico, conquistando medalhas, troféus e títulos importantes em torneios locais e regionais, além de já ter atuado em campeonatos de expressão estadual e nacional fora de São Sebastião do Paraíso.

Juliano freqüentou a APAE durante 10 anos, com o seguinte diagnóstico clínico: deficiente mental leve, apresentando os seguintes sintomas:
- Distúrbio articulatório;
- Dificuldade de aprendizagem;
- Alterações na leitura e escrita;
- Raciocínio lento;
- Desatenção.

Quando foram iniciadas as aulas de xadrez na APAE pelo Prof. Gérson Peres Batista, Juliano demonstrou tanto interesse que, a partir daí, não parou mais de estudar e jogar a modalidade, tomando parte constantemente em eventos enxadrísticos e monitorando aulas em nossa escola.

Com o desenvolvimento das atividades intelectuais que o xadrez estimula, o jogo se tornou um instrumento pedagógico eficaz para o progresso de sua aprendizagem na rapidez de raciocínio, aquisição de estratégias para resolver problemas, interpretação, seqüenciação de fatos e principalmente para o “aumento da capacidade de concentração”, como enfatiza Juliano.

E assim, com muito esforço e dedicação, Juliano alçou vôos na arte do tabuleiro e da vida, mostrando que o xadrez não tem barreiras. É para todos que gostam, embora algumas pessoas relutem em aprender o esporte, por considerá-lo difícil.
Se na concepção de Goethe "O xadrez é a ginástica da inteligência", para Juliano "O xadrez é um jogo fascinante que abre diversos caminhos".

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