terça-feira, 16 de junho de 2009

1º Torneio Internacional de Xadrez Online

Interessante iniciativa do site Mundial Chess que permitirá a participação de qualquer enxadrista interessado, independente do seu nível técnico, de qualquer lugar do mundo.

A disputa será realizada em três torneios distintos de xadrez:


1º Torneio Internacional Online para jogadores sem Elo (FIDE);
1º Torneio Internacional Online para jogadores com até 2200 pontos Elo (FIDE);
1º Torneio Internacional Online para jogadores com mais de 2201 pontos Elo (FIDE).

Todos os torneios serão disputados no sistema suíço de emparceiramento, com partidas de 30 minutos, 15 minutos, 3 minutos e morte súbita até definir o vencedor final.

É do conhecimento de todos que existem muitos torneios de xadrez online, mas a menos que eu esteja enganado, nenhum que tenha sido dotado com prêmios de mais de 130.000 euros.
Alem disso, os ganhadores poderão disputar uma partida de xadrez ao-vivo contra uma das estrelas do xadrez mundial participantes do VIII Festival Internacional de Xadrez de Benidorn.


É importante destacar que tanto a viagem a Benidorn como a estadia no Grande Hotel Bali estão incluídas no prêmio.

O período de pré-inscrição já está aberto e (assim como demais informações) pode ser feito no endereço: http://www.mundialchess.com/chessonline/es

(by Mario Vaz)

domingo, 7 de junho de 2009

Ciladas na abertura – o peão envenenado

No tema “peão envenenado” a dama ganha um peão em troca do atraso no desenvolvimento de suas peças e de ficar em uma situação delicada, exposta a ameaças por parte das peças inimigas.Seguem abaixo algumas miniaturas onde a dama captura o chamado “peão envenenado” e acaba se dando mal.

Vaisser, Anatoli - Mutzner, Andreas [A80] Mendrisio, 1989
1.d4 f5 2.Nc3 Nf6 3.Bg5 d5


4.Bxf6 exf6 5.e3 c6 6.Bd3 Qb6


7.a3 Qxb2 8.Na4 [Este lance é uma idéia típica neste tipo de posição em que o peão de b2 é atacado pela dama do adversário. Protegendo a casa b4 a dama, caso capture o peão, não terá como escapar]

7... Qxb2? [o correto é: 7...Bd6] 8.Na4 1-0


Nieto, Luis - Moreno, W [A43] Lima, 2007
1.d4 c5 2.Nf3 cxd4 3.Nxd4 d5


4.e3 [o melhor é: 4.g3] e5

5.Nf3 [o melhor é: 5.Bb5+ Bd7

6.Bxd7+ Qxd7 7.Nf3 Nc6] Nc6

6.c4 d4 7.a3 a5 8.Be2 Bf5

9.Qb3 d3 10.Qxb7 Nge7

11.Bd1 Rb8 1-0

Nesta partida é o jogador com as peças brancas que se arrisca capturando o peão de b7 e sua dama acaba sofrendo as conseqüências.
Na posição final, se as brancas jogam 12.Qa6, as negras jogam 12...Rb6 e a dama não tem como escapar.


Ragger, Markus - Herbers, Charles [C45] Dos Hermanas, 2004
1.e4 Nc6 2.Nf3 e5 3.d4 exd4

4.Nxd4 Bc5 5.Be3 Qf6

6.Nb5? (o correto é: 6.c3) Bxe3

7.fxe3 Qxb2? (o correto é: 7...Qh4+)

8.N1c3 Nb4 9.Rb1 Nxc2+ 10.Kf2 0-1


Luther, Thomas - Kersten, Uwe [B97] Bad Zwesten, 2002
1.e4 c5 2.Nf3 d6 3.d4 cxd4

4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 a6 6.Bg5 e6

7.f4 Qb6 8.Qd2 Qxb2 9.Nb3

9...Nbd7? (o correto é: 9...Qa3)

10.Bxf6 gxf6 11.Be2 Nc5

12.0–0 Bd7 13.Rab1 Nxb3?

(o correto é: 13...Qa3) 14.axb3 Qa3

15.b4 Rc8 16.Rb3 1-0

(by Mario Vaz)

Estão trapaceando no xadrez atual?

Esta é a pergunta que muitos enxadristas estão fazendo hoje em dia desde o momento em que alguns dos melhores jogadores do mundo começaram a acusar-se mutuamente, a partir de 2005, levantando uma enorme nuvem de suspeita em torno do mundo do xadrez, o que pode trazer muito dano no futuro, pois começaremos a duvidar de qualquer jogador que se destaque dos demais.

As acusações mais importantes começaram após o Campeonato Mundial de São Luis, onde Topalov não encontrou um rival e seu jogo foi muito superior aos demais.

Foi uma relativa surpresa para o mundo do xadrez, pois até então Topalov já havia demonstrado ser um bom jogador, porém seu domínio “esmagador” sobre os adversários recordou os tempos de Kasparov.

Jogadores como Morozevich e Svidler expressaram suas duvidas a respeito das partidas de Topalov, por serem demasiado perfeitas e parecidas com o que sugeriam alguns programas de xadrez. Também comentaram que as medidas de segurança tomadas pela organização foram escassas, o que facilitaria bastante que alguém fizesse algum tipo de trapaça.

É claro que foram somente especulações sem um fundamento baseado em fatos ou informações reais. Talvez a ausência de Kasparov tenha sido uma motivação a mais para que Topalov subisse alguns degraus de seu nível de jogo...

O episódio seguinte, uma vergonha para o mundo do xadrez, foi a disputa entre Kramnik e Topalov pela reunificação do titulo mundial, talvez a mais importante após os tensos duelos entre Kasparov e Karpov.

O fato é que durante o match, Kramnik foi uma dezena de vezes ao banheiro durante as partidas
e este estranho comportamento levantou muitas suspeitas na equipe do búlgaro, que acusou Kramnik de mover as peças rapidamente todas as vezes que voltava do banheiro e, sempre, com lances muito bons.

O comportamento de Kramnik, realmente, foi muito estranho, mas não foram encontradas provas conclusivas que demonstrassem que ele estivesse trapaceando. Mas sem duvidas, a discussão posterior entre os membros das duas equipes mancharam e envergonharam os enxadristas do planeta.

Por ultimo temo o importante torneio Corus 2007 quando, novamente, o suspeito voltou a ser Veselin Topalov. Uma importante revista enxadrística publicou que durante a 2ª e a 3ª rodada o representante de Topalov teve um comportamento, no mínimo, estranho. Segundo se observou, Danialov saia da sala para falar em seu celular de tempos em tempos e sempre que regressava ao salão dos jogos, fazia sinais “secretos” a Topalov para que este realizasse lances recomendados por um forte programa de xadrez – lances estes que eram passados a Danialov, acredita-se, durante suas chamadas telefônicas. Sem duvida, acusações graves, porém mais uma vez sem provas cabais.

Além destes, alguns outros casos envolvendo jogadores mais modestos também foram registrados. Um destes é o do jogador da Índia, Diwakar P. Singh (foto ao lado), que conseguiu a façanha de somar 260 pontos no seu Elo em um curtíssimo prazo de tempo. Por tratar-se de algo bastante difícil, a Federação de Xadrez do seu país resolveu fazer uma investigação. A conclusão a que se chegou é que Diwakar realizava jogadas praticamente iguais às feitas pelo programa Deep Junior. Outro fato importante é que em 2006, Diwakar, venceu o campeonato indiano, mas em 2007, já com um rigoroso controle por parte da organização da competição com vistas a evitar o uso de aparatos eletrônicos, para a surpresa geral, Diwakar terminou a competição na modesta 25ª colocação. Neste caso especifico, parece que a grande progressão do jogador não se deveu a um “milagre”, mas sim à “divina” ajuda de um programa.

Não se pode questionar que o fato de que os programas de xadrez ajudam, e muito, os jogadores a dar um salto na qualidade no nível de jogo, mas, como tudo na vida, também tem o seu lado ruim. Cada vez mais os jogadores trabalham com programas no seu dia-a-dia, o que os ajuda a progredir com muito mais rapidez. Mas é verdade também que o uso dos computadores está gerando jogadores com um estilo artificial, especialistas em aberturas, porém, a muitos, falta o mais importante: talento. Não existe a preocupação em estudar profundamente as partidas dos torneios. A maioria apenas olha ligeiramente alguns jogos e procura jogar aberturas sólidas onde possa conseguir um empate rápido. Enfim, o medo de perder gera o medo de ganhar.

Há algumas décadas atrás os jogadores não dispunham de computadores para treinar ou analisar partidas e, desta forma, pegavam um tabuleiro, colocavam as peças e punham-se a move-las. Este sim era o xadrez puro, onde quem tinha talento saía-se melhor.

Como praticante do xadrez também me incomoda o uso generalizado de programas em alguns sites de jogos on-line. É muito chato para quem gosta de jogar xadrez descobrir que não está jogando contra o Alberto, a Regina, mas sim contra o Fritz.

Sempre me pergunto que tipo de experiência, qual o real valor de conhecimento este tipo de procedimento agrega ao jogador que joga partidas com o auxilio de programas.

Fico pensando no dia em que sentar frente a frente com um adversário, em um torneio ao vivo, e começar a desconfiar dos lances precisos e seguros dele. De repente começarei a pensar com meus botões: esse cara joga tudo isso mesmo, ou o Sr. Fritz está lhe passando as jogadas?
(by Mario Vaz)

domingo, 31 de maio de 2009

ADÃO - Um conto de ficção científica

Ano 2130, os robôs fazem parte do cotidiano das pessoas. A busca incessante pela inteligência artificial alavancou a produção tecnológica de tal forma que 95% da população mundial tinham algum robô em sua casa ou em seu corpo. O começo foi com órgãos artificiais implantados, máquinas controladas pelos pulsos cerebrais. Depois vieram os primeiros robôs autônomos que seguiam uma lógica pré-definida. Vieram os robôs que aprendiam, moldando sua lógica conforme sua experiência. Até que veio um robô chamado Mark.

A FIDE (Federação Internacional de Xadrez) adotara regras cada vez mais rígidas, pois houve inúmeras fraudes relacionadas às máquinas. Os campeonatos mundiais exigiam a ausência total de computadores e robôs no ambiente de jogo. Como um cérebro artificial nunca funcionou em um humano até o momento, a cabeça era escaneada para verificar se não havia ali um processador ao invés do órgão. Não que a diferença entre um humano e um robô não pudesse ser notada de cara, porém o procedimento já era utilizado prevendo novidades.

Mark era um invento secreto do CPM (Conselho Político Mundial), um robô único, o primeiro com um cérebro artificial idêntico a um humano. Em sua memória fora gravado a simulação de reações humanas a fatos, desde uma coceira no nariz se houvesse algo o irritando, até sorrisos com o êxito. Externamente seu corpo era idêntico a um humano, era aquecido a 36 graus, e o sistema de resfriamento era igual ao humano, o suor. Seu sistema se alimentava como os humanos e ele tinha baterias com autonomia para meses sem alimento.

Mark também aprendia como os outros, porém, não tinha as limitações que o impedia de tomar decisões prejudiciais aos humanos, programa comum nos robôs. Seus criadores instalaram nele um dispositivo remoto que desativaria seu cérebro caso necessário. Ele fora submetido a uma série de situações cotidianas, foi com cuidado integrado à sociedade como um humano.

Depois de dois anos vivendo como homem, Mark havia aprendido inúmeras coisas com sua curiosidade aguçada. Mesmo não tendo o programa para ser inofensivo aos humanos, não havia nenhum registro de agressividade ou animosidade. Ele ficara mais gentil e sorridente com o tempo, surpreendeu os técnicos da CPM quando resolveu comprar um cachorro e fez alguns amigos, em geral vizinhos de sua casa numa rua de classe média de Los Angeles.

Mark arrumara emprego em uma loja de roupas masculinas. Foi promovido em 6 meses, pois rapidamente se tornara o funcionário mais capaz da loja. A elegância com que se vestia e vestia os outros chegava a intrigar, afinal sua memória original não tinha nada sobre isso. Nas folgas ele aprendeu a jogar xadrez, freqüentando os Shoppings Center da cidade, local aonde enxadristas se reuniam para jogar. Com o tempo ele passou a ser um dos melhores jogadores. Os outros o encorajavam a participar de um campeonato da FIDE, pois seu xadrez era muito bom.

Porém Mark achava injusto sendo um robô, participar como homem. Ele sabia das regras que a FIDE impunha aos inscritos, restringindo o uso de máquinas de qualquer espécie. Mas o xadrez era o início do auto-questionamento em relação a sua existência. Poderia ser ele um novo humano, um novo ser que habitaria a terra em conjunto com os homens? Ele não pensava como um robô, os robôs eram totalmente dependentes de comandos, se ocorresse algo diferente do seu entendimento eles simplesmente paravam estáticos até que um humano os orientasse. Ele não, ele era independente. Ele sentia tristeza por não ser um homem, sentia um vazio existencial, sentia medo de falhar e ser desativado. Por isso procurava sempre ser gentil, sempre obedecer às leis humanas.

Com o tempo Mark passou a buscar novos desafios no xadrez, afinal ninguém iria puni-lo por ganhar, no tabuleiro ele não tinha medo, não sentia tristeza. Tomou a decisão de sua existência inscrevendo-se no torneio estadual. Era recheado de jovens estudantes que não foram páreo para ele em nenhum momento. Venceu todas as partidas que disputou e chamou a atenção dos dirigentes da FIDE que o convidaram para participar do campeonato mundial em Nova York.

Mark pediu licença de uma semana no trabalho para participar do torneio que contaria com grandes mestres do mundo todo. Ele participou das seletivas com os campeões regionais alcançando a fase final. Venceu 18 partidas de vinte a serem disputadas, empatou uma e jogaria contra o russo Pavlov o maior mestre em atividade, que tinha vencido as 19 partidas que disputou.

O jogo foi fantástico, a multidão de pessoas assistindo olhavam maravilhadas para aquele novo mestre enfrentando o maior deles. O fim de jogo foi com torre e dois peões para cada um. Mark com as pretas, estava encurralado pelo rei e peões de Pavlov que tentava de todo jeito com sua torre dar o mate. As combinações aconteceram e era o último lance de Pavlov. Ele devia mover a torre até c8 dando enfim o mate em Mark.

Porém, na hora de mexer a peça, Pavlov tocara antes em seu rei sem a intenção de movê-lo. Um movimento do rei inverteria o jogo e deixaria Mark a duas jogadas do mate. Pavlov olhou para Mark com semblante receoso, olhou para o juiz que indicou que o rei deveria ser movimentado. No momento em que Pavlov movia sua mão até o rei, Mark derrubou o seu desistindo da partida. Pavlov com um sorriso aprovou a atitude e estendeu a mão para cumprimentar Mark que esquecera que era um robô e aceitou a derrota como humano.

Ali ficou claro para ele seu papel na existência, era mostrar a humanidade o quanto suas máquinas eram humanas, passíveis de erro e dignas de respeito.

Mark pediu sua desclassificação do campeonato aos juízes alegando que trapaceou. Fora questionado sobre sua trapaça.

- Utilizei uma máquina para jogar, devo ser desclassificado.
- Mas como? Todos foram escaneados, que máquina você utilizou? –
questionou um dos juízes.
- Eu.
- Você?
- Sim, sou um robô.
- Impossível!
- Sim, sou um robô da CPM, um projeto secreto.

Naquele instante ele fora desativado pela CPM, o que pareceu um desmaio às pessoas. O vice-campeonato foi confirmado para aquele mestre de passagem tão meteórica pelo xadrez. Suas últimas palavras foram desconsideradas pois técnicos envolvidos em seu projeto passaram por médicos atribuindo o fato a um devaneio momentâneo aos juízes. Ele foi declarado oficialmente morto como homem, Mark, o Adão.

Autor: Igor Rykovski, São Paulo/SP - Brasil, 29 anos, Escritor Semi-profissional

Este conto foi igualmente publicado por José Feldman, em Singrando Horizontes, com a inclusão do quadro O quadro The Game (O Jogo) pertencente a Henryette Weijmar Schultz, retirado de Ala de Rei.

(by Mario Vaz)

sábado, 30 de maio de 2009

Os Peões e as Partidas de Xadrez

Raramente a fase final de uma partida de xadrez acontece sem a presença de peões.

Philidor (François-André Danican Philidor), Grande Mestre do passado já dizia que “o peão é a alma do xadrez”.

Mais tarde, Fine (Reuben Fine) completou esta frase dizendo que “se o peão é alma do xadrez, no final ele é também nove décimos do corpo”.

Com efeito, o peão, com sua aparência frágil e movimentos limitados, irrompe com grande força nos finais de jogo, tornando-se valioso, tanto pela possibilidade de promovê-lo a uma peça de maior valor quanto pela sua posição estratégica que normalmente dita o rumo dos acontecimentos.

Mas os peões também podem ser surpreendentes no inicio de uma partida.

Abaixo podemos ver duas partidas de xadrez em que o jogador com as peças brancas se impõe de uma forma muito rápida, mas com a nota curiosa de que o faz realizando quase que exclusivamente movimentos de peões.

Borochow, Harry - Fine, Reuben [Pasadena, 1932]

1.e4 Nf6 2.e5 Nd5 3.d4 Nc6

4.c4 Nb6 5.d5 Nxe5 6.c5 Nbc4

7.f4 e6 8.Qd4 Qh4+ 9.g3 Qh6

10.Nc3 exd5 11.fxe5 1–0


Kujoth - Bauer, Fashing (1950)

1.e4 c5 2.b4 cxb4 3.a3 Cc6

4.axb4 Cf6 5.b5 Cb8 6.e5 Dc7

7.d4 Cd5 8.c4 Cb6 9.c5 Cd5

10.b6 Dc6 11.Txa7 1-0

(by Mario)

terça-feira, 26 de maio de 2009

O sistema Elo e a primeira listagem

Foto: Arpad Elo, o criador do sistema de classificação da FIDE


Resumindo-se bastante, o sistema de pontuação Elo é um método que se utiliza para medir e calcular a força relativa e a habilidade dos jogadores de xadrez.

Também pode ser utilizado, por exemplo, para medir a força dos praticantes de outros esportes de dois jogadores, como damas ou go.

A escala para a classificação internacional começa em 2000 pontos, de maneira que a classificação de um Mestre Internacional se situa em torno dos 2400 pontos e a de um Grande Mestre Internacional supera aos 2500 pontos.

O que muita gente não sabe é que se escrevemos ELO com letras maiúsculas, o estaremos fazendo incorretamente, já que ELO não é uma sigla, mas sim a pronúncia do nome do criador do sistema, Arpad Elo (1903-1992), um professor Física, nascido na Hungria, que dava aulas em Wisconsin (Estados Unidos).

Foi no ano de 1969 que Arpad Elo calculou a primeira classificação da Federação Internacional de Xadrez (FIDE), com base nos resultados que os 210 Mestres e Grandes Mestres Internacionais obtiveram entre 1966 e 1968. Posteriormente, e de forma imediata, incorporou também os resultados das partidas disputadas em 1969. Desta forma, a primeira listagem Elo foi publicada no ano de 1970.

A primera clasificação Elo da FIDE em 1970 tinha nas primeiras cinco colocações os seguintes jogadores:

C.....Nome.......................Fed......Elo
1.....Bobby Fischer........USA....2720
2.....Boris Spassky........RUS....2690
3.....Viktor Kortchnoi......RUS....2680
4.....Mikhail Botvinnik......RUS....2660
5.....Tigran Petrossian....RUS....2650

by PEPELU

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Um ator que amava o xadrez

(by: Javier Cordero Fernández)
Não está mais entre nós, fomos surpreendidos com a sua morte em janeiro do ano passado, mas foi uma pessoa que amava e desfrutava o jogo de xadrez.
Estamos nos referindo a Heath Ledger, ator que alcançou fama mundial com o filme Brokeback Mountain, desempenho com o qual foi indicado para um Oscar.

Heath veio ao mundo na cidade australiana de Perth, em 4 de abril de 1979. A vocação para a interpretação veio ainda quando criança, mas antes que isso acontecesse já tinha descoberto um jogo cheio de profundidade e beleza que lhe cativou e nunca mais o deixou... o jogo de xadrez.

Nosso protagonista participou de vários torneios de xadrez infantil, chegando a vencer o campeonato estadual sub-10. Mas isso não durou muito, pois Heath decidiu deixar a sua “carreira nos tabuleiros” para dedicar-se a outra profissão: a de ator. Todos sabemos como é difícil o percurso a ser percorrido para converter-se em um jogador profissional de xadrez profissional, por isso não é de se estranhar que Heath visse mais futuro situando-se por trás das câmeras. O xadrez foi relegado a um segundo plano, mas nunca abandonou sua prática ao nível de amador.

O seu inicio no cinema não foi muito brilhante, algo que acontece com a maioria dos atores. Os papéis que recebia não eram muito brilhantes e a fama, naquele momento, recusava-se a visitá-lo. Por isso decidiu fazer uma mudança drástica na situação e, assim sendo, resolveu se mudar para os Estados Unidos, país onde acreditava existiriam muito mais oportunidades para poder triunfar.

O trabalho e a perseverança começaram a dar frutos, especialmente através de papéis de ator coadjuvante que lhe permitiram tornar-se conhecido. O ano de 2005 é o ano da sua explosão, protagonizando nada menos do que 4 filmes, incluindo entre eles Brokeback Mountain, filme que marcaria a sua carreira e a sua vida. Como sabem, este filme é sobre a relação de dois vaqueiros homossexuais nos anos 60, sem dúvida uma história difícil, especialmente para certos setores da sociedade americana que enraizada de preconceitos desde muitas décadas atrás. Como eu disse anteriormente, foi indicado para um Oscar pela atuação neste filme, além de receber vários prêmios, incluindo o de melhor ator de 2005 (prêmio outorgado pelos críticos de Nova York) e o mesmo prêmio, outorgado pela academia australiana.


Sua fama cresceu e em 2007 teve seu primeiro papel em uma superprodução, dando vida ao vilão Coringa no filme "The Dark Knight", o mais recente sobre o herói Batman. A grande interpretação deste famoso vilão o ajudou a ganhar o Oscar de melhor ator, além de muitos outros prêmios, alguns deles postumamente (como o Globo de Ouro).

O peso da fama começou a interferir na sua vida, pois nem todas as pessoas podem suportar perder sua independência e anonimato. Basta ver quantos astros da musica, do esporte e do cinema que fogem o tempo todo de repórteres e fotógrafos. Heath Ledger morreu na manhã do dia 22 de janeiro de 2008 por uma overdose de pílulas para dormir, sem que tenha sido possível demonstrar que foi um suicídio.

Mas vamos falar um pouco a respeito da sua paixão pelo xadrez, um vício, segundo suas próprias palavras. Apesar de abandonar a prática do xadrez de torneios, seguiu praticando o jogo na sua vida diária, informação passada por ele em muitas entrevistas, afirmando que jogava ao menos uma partida por dia. Heath tinha o hábito de freqüentar o parque Washington Square, em Nova Iorque, para jogar xadrez.

Neste parque existem muitas mesas com tabuleiros pintados em sua superfície, de modo que qualquer pessoa pode jogar ao ar livre, algo muito comum nos Estados Unidos e deveria ser imitado em nosso país, já que é muito difícil ver este tipo de mesa em parques ou outros locais públicos nas cidades brasileiras.

As pessoas que compartilhavam o tabuleiro com o ator comentam que ele não tinha um nível muito alto, mas que jogava com muito entusiasmo e alegria. Seguindo a tradição do local, costumava apostar alguns dólares cada partida (dizem inclusive, que esta era a forma que Humphrey Bogart sobreviveu durante momentos difíceis de sua vida).

Ledger era uma pessoa que desfrutava o xadrez jogando com muita alegria e também com algum sarcasmo, já que gostava de fazer comentário irônicos a seus adversários (tais como: "oh, muito bom este lance... se queres perder, é claro”).

Querendo mostrar seu agradecimento ao jogo que tantas horas de boa diversão lhe dava, Ledger estava trabalhando em um projeto (que seria a sua estréia como diretor) intitulado "O Gambito da Dama", uma adaptação do romance de Walter Tevis, que conta uma estória estreitamente relacionada ao jogo de xadrez, mostrando uma menina órfã que se torna um gênio do xadrez, mas infelizmente sua morte prematura nos privou do filme.

Após a sua morte, em sua cidade natal, com o objetivo de prestar-lhe uma homenagem, 3 esculturas do artista Ron Gomboc foram colocadas na praia onde ele costumava jogar xadrez.

Duas delas relacionadas ao jogo de xadrez (como se vê na foto) e a terceira o símbolo de yin e yang, associado à sua crença na filosofia oriental.

Além disso, na última escultura pode ser lida a seguinte inscrição, a partir de uma carta de Khalil Gibran (também relacionado com a filosofia oriental):

Somente quando beber do rio do silencio cantarás a verdade.
Quando tiveres alcançado o alto da montanha, então iniciará a subida.
Quando a terra firmar seus pés, então, realmente dançarás.

O que os fãs do xadrez podem aprender com Heath Ledger é o seu entusiasmo para com o jogo. Existem momentos em que, por uma ou outra razão, não sabemos como desfrutar dos nossos passatempos favoritos. Heath quando se sentava em frente a um tabuleiro e começa a mover as peças, desfrutava do jogo certo de que ao menos naqueles momentos todos os seus problemas desapareciam.