domingo, 31 de agosto de 2008

O enferrujado e a férrea preparação

Por Roberto Telles

Logo após o início da rodada, um jogador procurou o árbitro para uma reclamação:

- Senhor, meu adversário está jogando sem rei.

Esse fato ocorreu durante os Jogos da Juventude do Paraná, estado brasileiro onde as mais inusitadas situações enxadrísticas ocorrem. A modalidade em disputa era xadrez relâmpago, cinco por cinco. O árbitro, bastante experiente, porém surpreendido com o fato, dirigiu-se à mesa e constatou que a reclamação era procedente, pois o condutor das brancas estava com duas damas. Solicitou então que fosse providenciado um rei para corrigir o evidente erro.

O jogador sem-rei interpelou educadamente o árbitro:

- O senhor vai me desculpar, mas a partida tem que continuar nestas condições.

- Como assim? Mais uma vez surpreendido.

O jovenzinho de Guarapuava, um garoto magro com seus 16 ou 17 anos, ruivo, mas bem ruivo, do tipo “enferrujado”, argumentou com a firmeza própria de quem estava absolutamente seguro de sua opinião:

- Leia o regulamento que está afixado no mural onde estão as normas da competição. Ela impede que haja qualquer alteração das peças e/ou da posição, após o início da partida.

O árbitro, que era de outro estado, não havia lido o regulamento e apenas limitou-se a ler as normas do sistema classificatório. Mesmo assim recorreu ao regulamento da FIDE, em que o árbitro pode eventualmente decidir o que é melhor para uma competição.

Mais uma vez o guarapuavense enferrujado argumentou:

- Isso também não se aplica aqui no Paraná. Leia o regulamento e verá que lá está escrito: As regras da FIDE somente serão usadas no que não colidir com o presente regulamento.

Após uma leitura mais atenta, confirmou-se que havia essa clara subversão quanto à escala de poderes. O Paraná estava acima da lei. Há mais distância entre o xadrez paranaense e a FIDE do que possa supor nossa vã filosofia. Shakespeare que me desculpe, mas eu também quero subverter.

- Não tem conversa, o erro tem que ser corrigido e posteriormente você lutará por seus direitos apelando no tribunal de recursos. Oras, jogar sem rei! Isso não é xadrez, isso é um absurdo!

Ato contínuo, o árbitro fez a devida correção, porém acrescentou a sua fala algo desnecessário:

- Mesmo porque sem o rei, você nunca perde!

O enferrujadinho de Guará estava tão preparado para aquela situação que prontamente respondeu:

- Perco sim... Pelo tempo!

Realmente o enferrujadinho estava ferreamente preparado para enfrentar até mesmo a comunidade internacional.

A verdadeira perda de qualidade

Por Paulo Sérgio de C. Oliveira

Dando uma 'mirada' no que restou dos meus livros, constantemente devorados pelos bichinhos mutantes que tenho aqui (coluna de janeiro de 2005), puxei 'The Chess Encyclopedia', obra excelente de Nathan Divinsky. Folhando-a aleatoriamente, deparei-me com o quadro do torneio de Carlsbad de 1929. Fiquei com a vista parada ali, sem conseguir desviá-la.

Comecei a pensar sobre o que era estranho naquele quadro. A nominata era encabeçada por Ninzowitsch, seguido de Capablanca e todos os outros daquela época de ouro, à exceção de Alekhine e Lasker, então supostamente aposentado (não foi Kasparov quem inventou isto). Era isto, o segundo lugar de Capablanca? Não. Continuei olhando a lista, até que tive consciência do que era. Depois de Capablanca seguiam, por ordem de classificação, Spielmann, Rubinstein, Becker, Euwe, Vidmar, Bogoljubow, Grünfeld, Canal, Mattison, Colle, Maroczy, Taratkower, Treybal, Sämisch, Yates, Johner, Marshal, Gilg, Thomas, Menchik. 22 participantes, e jogaram todos contra todos, foram 22 rodadas!

O tempo de jogo foi de 30 lances em duas horas e então 15 lances por hora. Ninzowitsch perdeu só uma! Foi para Yates, o 17º colocado.

Carlsbad era um famoso SPA centro-europeu, considerado uma Mecca para a doença e um Paraiso para a saúde. Era parte do império austro-húngaro até 1918. Agora está na Tchecoeslováquia e é chamado Karlovy Vary. Fica a 80 milhas a oeste de Praga, perto da fronteira alemã-tcheca.

Hoje, quando se joga um torneio de 9 rodadas, já é uma raridade. E isto com um tempinho mixuruca, de uma hora para cada lado, ou semelhante. Joguei uns poucos de 12 rodadas. São excelentes, porque apontam um campeão de verdade. Um dos últimos campeonatos mundiais terminou num pingão. É ridículo! Aliás, esta última disputa da elite (parte dela), entre Topalov e Kramnik, também terminou num pingão. Boa parte das partidas destes torneios atuais carece de qualidade. São repletas de erros e inexatidões. Isto na opinião dos próprios mestres da elite atual, segundo tenho lido na mídia especializada internacional.

É claro que a exigüidade do tempo trouxe o fator espetáculo para o xadrez, que ficou até televisivo. Mas aumentou o valor do fator sorte, diminuindo o fator racional.

A importância das simultâneas de xadrez

MI Nelson Pinal Borges

As SIMULTÂNEAS DE XADREZ se constituem em um importante fator no desenvolvimento do Xadrez, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo. Muitos dos jovens talentos que posteriormente se destacam em nível magistral nascem ou são descobertos nas Simultâneas. O fato de um Mestre enfrentar 20 a 30 aficionados, que geralmente são estudantes e juvenis, provoca neles – e até em seus pais - um entusiasmo tal que os incentivam à prática e à superação enxadrística.

Bem concebida e organizada, a SIMULTÂNEA DE XADREZ é uma atividade muito instrutiva para o simultaneado, que aprende de sua partida, adquire experiência e é uma boa oportunidade para avaliar seu nível de jogo diante de um adversário superior.

Acrescente-se que uma SIMULTÂNEA DE XADREZ realizada numa praça pública de qualquer cidade é um espetáculo promocional do Xadrez que atrai muitos observadores, conhecedores ou não do Jogo Ciência. Ver uma atividade onde uma pessoa enfrenta 20 ou 30 jogadores provoca um interesse pessoal que encaminha os assistentes a conhecer os pormenores do Xadrez e depois transmitir a seus filhos, familiares, colegas de trabalho etc., o que implica na difusão espontânea do Nobre Jogo.

Desde o ponto de vista econômico, a organização de uma SIMULTÂNEA DE XADREZ de 20-30 tabuleiros não implica em grandes gastos, o que significa que a um baixo custo se pode realizar uma edificante atividade esportiva que, ademais, se converte, para jogadores e observadores, numa forma sã de aproveitar o tempo livre. Também não se precisa de um espaço ou um terreno especial para sua realização.

Estimo que, de acordo com as possibilidades de cada país, cada Federação ou cada entusiasta do Xadrez que deseje desenvolver o mesmo deve ter presente entre seus planos de trabalho a organização de Simultâneas com determinada freqüência e em lugares “estrategicamente selecionados” para que a mesma se converta numa atividade desportiva que atenda aos interesses de organizadores, jogadores e público em geral.

O valor do treinamento

Por Paulo Sérgio de C. Oliveira

Mantenho um certo número de livros, aqui na minha cabeceira. É raro ler um até o final, e quando eles começam a acumular muito, faço uma 'desova' para a estante principal. Agora um dos que restou por aqui é o excelente '360 Brilhant and Instructive End Games', de A. A. Troitzky, com introdução de Fred Reifeld. Lembro de Botvinnik, ao manuseá-lo.

Botvinnik, “O guru da Escola Russa” recomendava a resolução de problemas (estudos), como fator componente do treinamento enxadrístico. O velho Mikhail, aliás, fazia treinos muito estranhos. Como, por exemplo, jogar contra adversários que deveriam ficar jogando fumaça de cigarro no seu rosto. Ou jogar com um rádio em alto volume no fundo, tocando um programa de má qualidade. A julgar pela leva de brilhantes discípulos que deixou, sua fórmula funcionava. Acostumar-se a jogar com barulho tem o seu valor. Sem conhecer ainda as teorias de Botvinnik, eu treinava na Associação dos Empregados no Comércio (RG), em meio a uma constante algazarra. Posteriormente isso se revelou muito útil, dando-me muitas vitórias em torneios de fim-de-semana. Daqueles realizados em clubes sociais, quando os organizadores esquecem que sempre há um ensaio antes de uma festa com música ao vivo, sabe?

É claro que também levei muitos mates, por causa desse meu treinamento, mas o número de vitórias foi bem superior. Voltando aos problemas (estudos) como treino, há um tipo que acredito ser mais adequado. Não vou usar a linguagem e o conhecimento técnico dos problemistas, mas podemos classificar grosseiramente os problemas como sendo de dois tipos: o tipo real, com uma posição que realmente poderia acontecer na vida real. E o tipo fantasia, com posição improvável ou quase impossível de acontecer na prática. Troitzky é um dos mestres do tipo real.

Outro componente de treino interessante, usado por muitos grandes, é o pingue. Mas um determinado tipo de pingue, não aquele que os meus amigos do Metrópole estão acostumados a jogar. As irmãs Polgar, por ex., treinaram o tipo certo de pingue. E vejam aonde elas chegaram! O tipo errado de pingue tem os seus mestres também, sem dúvida. E você perderá todas para eles. A técnica principal usada no pingue errado é a do erro proposital e sutil, de difícil exploração. Existem várias outras técnicas, chegando a beirar a baixaria, como a da manobra inútil e perpétua. Sempre com o objetivo de queimar o tempo do adversário. É divertido jogar esse tipo de relâmpago, principalmente falando e com piadas. Mas é a prostituição do xadrez, como já escreveu Luiz Vianna, numa de suas colunas do Correio do Povo.

Não vou dar nomes de mestres de pingue do tipo errado, pois são todos meus amigos. Mas do tipo certo, jogando relâmpago científico, também conheci alguns. Pio Fiori de Azevedo, gaúcho, era um deles. Jogava um xadrez impecável, inclusive no relâmpago. Mequinho era um dos melhores, e acredito que poderia ter sido o melhor do mundo nesta categoria. E não posso deixar de mencionar Antonio Rocha, a quem Mequinho temia enfrentar no relâmpago!

Você estuda as posições e aprende a resolvê-las. Depois aprende a resolvê-las rapidamente.

XADREZ: UMA PERFEITA GINÁSTICA MENTAL

MI Nelson Pinal Borges

Há algum tempo atrás o The Wall Street Journal publicou um artigo assinado pelo Sr. Bernard Wysocki que abordava um tema muito debatido na sociedade científica norte-americana: a relação entre a atividade mental e a conservação da memória nas pessoas que passam dos 40 anos de idade.

Depois de ser os pioneiros na Saúde Física, os norte-americanos estão dedicados atualmente na manutenção de seus cérebros em forma. Daí os diferentes estudos realizados por respeitáveis instituições científicas sobre este importante tema.

No artigo mencionado, expõem-se vários conselhos para evitar a deterioração da memória. Desde determinadas dietas ricas em VITAMINA A, E e antioxidantes naturais, até dormir o suficiente, maior utilização da mão contrária, fazer exercícios diários e tratar de diminuir as situações que provoquem stress.

Assinala também que o enfoque mais popular para manter afinada a memória constitui em seu treinamento ativo, o que alguns especialistas denominam Ginástica Mental Aeróbica. Para tal efeito, a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, oferece cursos de treinamentos da memória, de cinco semanas de duração, baseados em diferentes provas cognoscitivas e conselhos práticos.

Baseados no princípio de que órgão que não se exercita se atrofia, e de estudos recentes que reforçam o critério de que a memória é como um músculo flácido que pode ser tonificado mesmo em idades avançadas é que se popularizaram as propostas da Ginástica Mental como terapia eficaz para evitar a erosão da memória relacionada com a idade. Entre os exercícios recomendados estão jogar brigde, resolver palavras-cruzadas e quebra-cabeças ou aprender um idioma. Isso é, estas atividades podem fazer pelo cérebro o que os abdominais fazem pelo corpo.

Corroborando os resultados positivos da Ginástica Mental, o Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos tornou público o maior estudo clínico já realizado sobre o exercício da memória; examinou 2,800 pessoas de 65 anos ou mais. Conclusões: cerca de 26% das que receberam um treinamento normal mostraram uma melhoria substancial. Em outro subgrupo, onde os participantes fizeram exercícios de velocidade de processamento, 87% mostrou uma melhoria muito superior.

R E F L E X Õ E S

Depois de conhecer estes estudos e as conclusões correspondentes, onde se defende o critério de que a atividade mental é fundamental para a manutenção da memória e a atividade geral do cérebro, pergunto-me: que outra atividade pode se constituir numa ferramenta perfeita e possivelmente mais efetiva do que as mencionadas anteriormente para cumprir os princípios de uma verdadeira Ginástica Mental?

A resposta é simples: o Xadrez. Ou acaso uma partida de Xadrez não se constitui, por si só, num exercício mental, onde, a cada instante, o cálculo, a velocidade de processamento e organização de uma ampla gama de informações e a tomada de decisões são fundamentais?

Calcular árvores de variantes e encontrar soluções sob a pressão de um tempo determinado é, por si só, um treinamento mental completo, onde, ademais, fatores desportivos e psicológicos obrigam o jogador a ser sumamente exato no processo mental que implica na busca e comprovação de soluções.

O Xadrez, que é uma das mais interessantes criações do engenho humano, é uma atividade intelectual que se constitui num elemento sumamente importante dentro de diferentes atividades que podem servir para a realização de estudos sobre o comportamento do cérebro. Poucas atividades mentais podem comparar-se ao jogo-ciência como exemplo de processamentos de dados e organização de idéias em busca de solucionar problemas sob determinadas situações complexas e variáveis.

A riqueza temática do Xadrez é incalculável, já que inter-relaciona elementos científicos, artísticos, lógicos, matemáticos, filosóficos, psicológicos, estratégicos e táticos. Estas aplicações permitem assegurar que o Xadrez é uma Ginástica Mental Integral de infinitas potencialidades de investigação no campo da Saúde Mental. Sua prática contribui para prolongar as faculdades intelectuais.

Entendo que não está longe o dia em que os cientistas dedicados às investigações do cérebro tomem muito a sério o XADREZ como uma ferramenta fundamental para o estudo de diferentes aspectos relacionados com a memória, o processo do pensamento e toda a atividade do cérbro, o mais complexo e perfeito orgão que possui o ser humano.

Os grandes mestres do tabuleiro

Ricardo Reti - PRÓLOGO

“Ainda que este livro tenha o aspecto de uma coleção de partidas, sem dúvida é um método, mas não um método no estilo dos matemáticos ou de outra ciência qualquer. Assim como que para saber nadar é necessário atirar-se na água, para saber jogar xadrez é necessário jogá-lo, pois somente com livros ninguém o aprenderá. Um método para este jogo é só um acompanhante para o aficionado, é um conselheiro que lhe guiará nas idéias falsas ou errôneas que por si só tenha adquirido, evitando-lhe de adquirir outras e, por sua vez, ensinar-lhe-á em suas horas de distração as belezas e as profundidades do jogo ciência, dando-lhe a alegria que é a presunção necessária para o êxito.

Estas são as razões que me determinaram a dar a este livro a forma de uma coleção de partidas. As complicadas combinações são uma síntese de teorias simples. No xadrez é tudo ao contrário. A teoria é uma abstração, uma generalização de experiências adquiridas nas partidas.

O fundamental e indispensável no xadrez é a partida viva, é no seu estudo aonde se adquirem os conhecimentos teóricos.

Ordenei em princípio histórico os resultados dos grandes mestres do tabuleiro pela razão de que, ao mesmo tempo, é a disposição mais lógica. A técnica moderna do xadrez apóia-se em experiências antigas e é por esta causa que as partidas modernas jogadas por mestres só podem ser compreendidas pelo estudo dos mestres antigos.

Tanto na escolha das partidas, como em suas análises, sempre tive presente que escrevia um método, e esforcei-me em cada caso para ver o conjunto e não explicar somente a teoria das aberturas, mas também o curso do meio-jogo.

Espero, pois, que este livro venha a ser um fiel auxiliar nas proezas dos enxadristas, tanto para os que começam como para os que já sejam fortes no jogo.

Primeira Parte : Mestres de Ontem : Adolfo Anderssen

Antes de praticar o jogo de posição, deve-se aprender a combinar. Esta regra se confirma na história do xadrez, e podemos recomendá-la bastante aos jogadores jovens.

Não comece o vosso jogo com o peão da dama e com a defesa francesa, mas sim com partidas de jogo aberto, gambitos. É certo que jogando cerrado o jogador principiante perderá menos partidas, mas em troca no jogo aberto aprenderá a jogar xadrez.

Nos tempos antigos, também existiram jogadores de posição. O maior foi André Danican Philidor, que talvez tenha sido o maior pensador até o momento presente. Porém o que com seu exemplo fomentou ao máximo grau a potência da combinação no mundo enxadrístico, amadurecendo para a prática do jogo de posição, foi Adolfo Anderssen.

Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de Julho de 1818. A informação da carreira de sua vida é muito simples. Estudou filosofia e matemáticas e até o dia 13 de março de 1879, quando faleceu, ocupou o cargo de professor no instituto de sua cidade natal.

Ocupou-se com xadrez nos primeiros tempos de sua vida estudantil, contudo a força de seu jogo desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães e até internacionalmente, foi a revelação quando no primeiro torneio de mestres celebrado em Londres em 1851, com o qual começou a época moderna do xadrez, obteve o primeiro prêmio. A este triunfo seguiram outros, especialmente o de Londres em 1862 e o de Baden-Baden em 1870.

Recordamos ao que queira aprender, que se fixe nas seguintes partidas de Anderssen não só para divertir-se com elas, mas também para fortalecer seu jogo de combinação. Não deve acreditar que o jogo de combinação seja só fruto do talento e que não se possa aprender. Os elementos são sempre os mesmos, que se apresentam em relações mais ou menos complicadas, tais como ataques duplos, sujeições, trocas, etc.

Quanto mais combinação se tenha visto, tanto mais fácil será concebê-las por si mesmo.

Nas partidas que estudaremos não só trataremos delas, mas também estudaremos as aberturas. Entre as aberturas, a primeira que segue é a do ‘Gambito do Rei’. Entende-se por ‘gambito’ uma abertura na qual se sacrifica um peão a fim de conseguir uma vantagem em desenvolvimento, ou bem outras vantagens. O gambito conhecido como o mais antigo na literatura do xadrez, é o Gambito do Rei: 1.e4 e5 2.f4.

A idéia deste gambito é dupla: 1º abertura da coluna do bispo do rei, na qual uma vez efetuada o roque, a torre do rei pode entrar rapidamente em ação; 2º a possibilidade de formar-se um forte centro de peões, depois do afastamento, ou bem da troca do peão rei negro, mediante d4. A força de tal centro de peões, nós conheceremos mais adiante. Depois de 2...ef, as brancas não podem jogar em seguida 3.d4, pois devem antes de tudo fazer algo para evitar a ameaça das negras Dh4+.

O jogador que está aprendendo e também o experimentado, melhorará sensivelmente seu jogo se esforçar para tratar cada abertura conforme a sua idéia base, seguindo um plano preconcebido.

Por exemplo, jogando-se o Gambito do Rei, com as brancas, deve-se ter em conta a todo o momento os dois objetivos principais desta abertura, que são a dominação da linha f e a formação de um centro de peões.

Se ao contrário, deixa-se guiar por extravios e rodeios, ele mesmo tira o sentido de suas primeiras jogadas e então a inconseqüência de seu jogo lhe será fatal.

E como devem as negras responder ao Gambito do Rei?

Nos tempos antigos era usual aceitar cada sacrifício que o adversário apresentava, e, por conseguinte aceitava-se quase sempre o Gambito do Rei mediante 2...ef, procurando defender este peão com g5. Esta defesa tem dois fins: um material e outro posicional. Ao defender o peão de f4 fica obstruída a coluna f e então as brancas para corresponderem à idéia da abertura, que é atacar sobre a coluna f, deverão quase sempre sacrificar uma peça para tirar do meio o peão do negro.

Outra réplica contra o Gambito do Rei é o contra-ataque no centro com: 2...d5, ao qual depois de 3.ed segue quase sempre 3...e4 (seria um grave erro 3.fe, por causa de 3...Dh4+). Agora são as negras que jogam um gambito, este chamado de Falkbeer, cujo descobridor foi o mestre austríaco Ernesto Carlos Falkbeer, nascido em Brünn em 1819 e falecido em Viena em 1885.

Que conseguem as negras com este sacrifício de peão?

Diante do apresentado, o fracasso completo de todos os propósitos que tiveram as brancas com a jogada do gambito. A abertura da coluna f ou mesmo a intenção de formar um centro de peões, são impedidas radicalmente. Agora não se sabe que objetivo tem o peão de f4 em sua situação. Além disto o peão de e4 causa certa moléstia na posição das brancas e estas se encontram com dificuldades para o seu desenvolvimento. Em troca, as negras têm certa preponderância no centro. Por esta razão, nos últimos anos começou-se a considerar o Gambito Falkbeer quase como a refutação do Gambito do Rei.

Outra réplica: as negras podem tratar de ignorar a idéia de gambito das brancas continuando o seu desenvolvimento, e neste caso não lhes é necessário jogar imediatamente 2...d6 para a defesa, porque restringiriam a ação do seu bispo do rei. O ataque ao peão de e5 é só aparente, porque 3.fe fracassaria por 3...Dh4+. As negras podem, portanto, jogar tranqüilamente 2...Bc5 e defender mais tarde seu peão de e5 com d6 sem encerrar o seu bispo do rei.

Teremos ocasião de voltar seguidamente ao Gambito do Rei, porém rogamos àquele que estuda que não considere como palavras inúteis as idéias gerais que aqui e mais adiante exporemos sobre as aberturas. Por desgraça, a maioria das vezes os jogadores de xadrez só estimam as variantes exatas, porém o justo é o contrário. Confirmou-se que há mais verdade enxadrística nas idéias do que nas variantes. Aquele que compreender o espírito exato das aberturas, pode ter confiança de que também sem o conhecimento das variantes não produzirá nenhuma partida ruim”.

Rosanes, Jacob - Anderssen, Adolf

[C31 – Contra Gambito Falkbeer ] Breslau, 1863

Comentários: Reti e Paulo Sérgio de Castro Oliveira (PSCO)

1.e4 e5 2.f4 d5 3.exd5 e4 4.Bb5+

Esta jogada é característica do jogador de tempos antigos. Não é jogada posicional, quero dizer, não tem o objetivo de chegar a uma situação fina; perseguia-se somente uma vantagem material imediata ou o mate. Hoje em dia se sabe que no campo da abertura o domínio do centro é o ponto essencial a ser tratado. Um jogador moderno se esforçará, antes de tudo, para desembaraçar-se do peão negro pressionador de e4 e, por conseguinte, jogará 4.d3. O condutor das brancas na presente partida quer, ao contrário e tal como então era usual, assegurar a preponderância numérica dos seus peões, ainda que à custa do próprio desenvolvimento, jogando para isto 4.Bb5+ para depois de 4...c6 trocar o seu peão de d5, que poderia tornar-se débil mais tarde.

4...c6 5.dxc6 Cxc6

Na maioria da vezes costuma-se jogar aqui 5...bxc.

6.Cc3 Cf6 7.De2

Aqui era melhor para o branco jogar o peão dama, a fim de recuperar-se do seu desenvolvimento que está atrasado. Em vez disto, ele persegue mais vantagem material, ou seja, ganhar outro peão, o do rei. As negras, com razão, não se esforçam para defender este peão e sim para continuar o seu desenvolvimento. Quanto mais peões desapareçam do tabuleiro e quanto mais colunas se abrirem, tanto mais se ressaltará a vantagem do desenvolvimento.

7...Bc5 8.Cxe4 O-O 9.Bxc6 bxc6 10.d3 Te8 11.Bd2

As brancas querem colocar o seu rei em segurança por meio do roque grande, mas as negras conseguiram colunas abertas também na ala da dama.

11...Cxe4 12.dxe4

PSCO: reparem que as negras têm 2 peões a menos e a sua estrutura está destruida. Se todas as peças, menos os peões, fossem trocadas agora num passe de mágica, o final seria facilmente ganho pelas brancas!

12...Bf5! 13.e5 Db6

Se 13...Bc2 14.Dc4 e as negras deveriam trocar um dos seus bispos bons, porém ainda assim era favorável para elas, dado o atraso que levam as brancas no seu desenvolvimento.

14.O-O-O Bd4!

Isto causa uma debilidade no flanco do roque das brancas.

15.c3 Tab8 16.b3 Ted8!

Uma típica jogada preparatória de Anderssen, princípio de uma combinação brilhante da qual seu adversário está completamente ignorante.

17.Cf3

É claro que se jogam 17.cd, após 17...Dd4 não têm salvação. Se tivessem percebido o propósito das negras, teriam jogado 17.Rb2, mas então as negras com 17...Be6 ameaçando 18...Bb3 teriam ganho facilmente.

17...Dxb3!! 18.axb3 Txb3 19.Be1 Be3+!

e xeque mate na próxima jogada. 0-1

NA PRÓXIMA VEZ, VOCÊ PERDE, MAS ROCA!

Por: MI Nelson Pinal Borges

Com este artigo, desejo compartilhar com os aficionados amantes do Xadrez um interessante e instrutivo episódio do ex-Campeão Mundial José Raúl Capablanca que ouvi há muitos e muitos anos atrás do Mestre Nacional Francisco Planas. No mesmo, aprecia-se a fidelidade de Capablanca aos princípios fundamentais do Xadrez.

Antes de tudo, direi-lhes que o Mestre Planas foi parceiro de Capablanca na equipe que participou da Olimpíada Mundial realizada na Argentina no ano de 1939 e, por várias décadas, foi um dos melhores jogadores cubanos; foi capitão da equipe nacional que representou Cuba na Olimpíada Mundial de Havana em 1966. Como jogador, Planas se destacou por ser um excelente estrategista e um grande conhecedor dos finais; participou de Campeonatos de Cuba até início dos anos 70, quando a idade começou a enfraquecer seu nível de jogo. Posteriormente faleceu em 1990.

Bom conversador, de um caráter jovial e ameno, Planas foi muito querido pelos enxadristas de várias gerações e em geral por todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo e conviver com ele. (Pessoalmente tive a honra de ser seu discípulo por algumas semanas, quando, em 1968, esteve treinando a equipe de minha província, que interviria no Campeonato Nacional por equipes de 1968; posteriormente joguei com ele em dois Campeonatos de Cuba. Sempre levei em alta conta seus sábios conselhos.)

Pois bem, o episódio em questão aconteceu na Olimpíada de Buenos Aires, sendo seus atores principais Capablanca e Planas; ouvi-a do próprio Planas numa de suas costumeiras palestras com grupos de aficionados e mestres, que se deleitavam com suas exposições. Dito episódio é muito instrutivo e é uma mostra da importância que Capablanca dava à inviolabilidade dos princípios gerais do Xadrez, destacados pelo genial cubano em suas obras "Fundamentos do Xadrez" e "Últimas lições".

Numa das rodadas da Olimpíada, Planas foi derrotado em apenas 20 jogadas, depois de suportar um ataque ao rei no centro do tabuleiro (Planas não rocou).

Ao finalizar a rodada, a equipe se reuniu para analisar as partidas e Capablanca, aborrecido pelo resultado e, sobretudo pela violação de um princípio tão elementar como realizar o roque o mais cedo possível, perguntou ao perdedor - E você, por que não rocou?

-Não pude, não tive tempo!- respondeu Planas.

-Como não teve tempo? Mostre-me a partida! Disse-lhe Capablanca.

Assim, ao mostrar a partida a Capablanca, este, num momento da exposição, interrompe Planas e exclama:

-Alto! Agora, roque!

Os membros da equipe olharam Capablanca em silêncio, atentos para o que em realidade constituía uma lição. Mas todos se surpreenderam ainda mais quando Capablanca terminou a "lição" com uma repreensão:

-Na próxima vez, você perde, mas roca!

É de destacar que a Olimpíada de 1939 foi uma das últimas atuações de José Raúl Capablanca em sua brilhante carreira; defendeu o 1º tabuleiro da equipe cubana, que conseguiu classificar-se para a final, ocupando o décimo primeiro lugar, entre 15 finalistas. Em todo o torneio, Capablanca ganhou 7 partidas e empatou 9, melhor resultado que o do Campeão Mundial Alekhine, Keres, Tartakower, entre outros formidáveis mestres. Este desempenho valeu a Capablanca a medalha de ouro, a qual foi entregue pelo Presidente da República Argentina, diante de ampla manifestação de afeto e admiração de parte dos milhares de assistentes ao ato de premiação.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Operação Dragão

por: MI Rodrigo Disconzi

http://www.torre21.com/visor-js/disconzi-xp06.htm

Homenagem ao filme "Enter The Dragon" (1973), considerado um dos melhores filmes de artes marciais, graças à participação de Bruce Lee no papel principal.

Atualizando, nosso personagem principal, Bruce Fier, é convidado a participar de feroz embate entre os principais combatentes do mundo e de cara é lançado à arena para enfrentar o temível prodígio chinês e de assustador nome: BU!!!

Em sua busca pessoal pelo cobiçado título de GM, Fier terá em seu caminho não só seus adversários, mas também oportunidades de exercitar o autoconhecimento e refletir: a luta mais importante é dentro ou fora do tabuleiro?

Início de partida. Em primeiro lugar a tranqüilidade, para poder desempenhar um bom papel sem ter o medo como principal adversário.

Fier, Alexander (2365) - Bu, Xiangzhi (2615) [B38] ol (Calvia), 2004

1.e4 c5 2.Cf3 Cc6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 g6

O Dragão mostra seus dentes e garras! Na cruzada para domesticar o monstro, Fier é exército de um homem só.

5.c4

Decisão importante. Tentar um nocaute fulminante com roques opostos (5.Cc3) ou restringir os limites da fera e apertar a coleira (5. c4)?

5...Bg7 6.Be3

Como enfrentar adversários fortes sem ter medo? "O adversário se forma em nossa mente somente em imagens e ilusões, e não sabemos ao certo seu caráter e suas verdadeiras intenções. Destrua a imagem que você formou e então encare seu real adversário"

6...Cf6 7.Cc3 O-O 8.Be2 d6 9.O-O Cxd4

Bu Dragão, ou pelo próprio calor, resolve simplificar e ganhar espaço para manobrar em seu campo. Neste momento ele poderia escolher qual peão pressionar e4 com Bd7-Bc6 ou c4 com Be6.

10.Bxd4 Be6

Dentro da filosofia e estilo de nosso pretendente a herói, a FLUIDEZ é parte essencial de toda a engrenagem... Como seguir jogando lances bons mesmo quando não existem objetivos ou alvos aparentes? Uma forma de responder é: Jogando lances flexíveis, progressivos e que mais ajudem do que atrapalhem as outras peças e a essência da posição, deixando a posição em harmonia e pronta para se adaptar à qualquer oportunidade que venha a surgir.

11.Dd2

Unir os elementos f1 e a1; manter o contato com o iluminador farol em d4; antecipar contato de primeiro grau com a intrusa Da5.

11...Da5 12.Tfd1

"Absorva o que é útil, descarte o que não seja e acrescente o que só você possui" (Bruce Lee). Terminada a parte de referência teórica, os próximos passos devem ser cautelosos mas aptos para quaisquer troca de golpes. [Mais agressivo seria 12.Tad1 mantendo uma torre em f1 para projetar f4-f5 aproveitando o posicionamento do Be6. 12...Tfc8 13.b3 a6 (13...Cd7 14.Cd5 Dd8 15.Bxg7 Rxg7 16.Cf4 Cf8 17.e5! dxe5 18.Ch5+!) 14.f4 b5? (14...Tab8) 15.f5! Bd7 16.Bxf6! Bxf6 17.Cd5 Dxd2 18.Cxf6+ exf6 19.Txd2]

12...Tfc8

Indicando pretensão de ações na ala da dama e reservando d8 para um recuo da Da5 se necessário.

13.b3

"Não farei nenhum movimento se meu adversário não de mover; se o adversário tentar se mover, mover-me-ei antes dele". (Kung Fu)

13...Ce8

[se: 13...Cd7 14.Cd5 Dd8 (14...Dxd2? 15.Cxe7+ Rf8 16.Bxg7+ Rxe7 17.Txd2) 15.Bxg7 Rxg7 16.Dd4+ Rg8 17.Cc3!? missão cumprida, hora de voltar à base, comer um feno e tomar uma aguinha... 17...Db6 18.Dxb6 Cxb6 19.f4 f6 20.e5!? dxe5 21.fxe5 f5? (se: 21...fxe5 22.Bf3 Tab8 23.Td2) 22.Bf3]

14.Bxg7 Rxg7 15.Dd4+ Cf6 16.Cd5

"O que é concentração?" Perguntou-me o Mestre certa noite. ... Disse-lhe que não sabia explicar ao certo, ele então falou: -"É como apontar o dedo para a lua .... " Enquanto eu olhava para seu dedo ele me acertou um tapa na testa e continuou: " NÃO preste atenção no dedo, ou você deixará de ver toda a glória celestial..." [se: 16.f4 Dc5 diminuindo as chances de ataque sem as damas. 17.Bf3 Tab8 18.Rf2 g5!?]

16...Bxd5 17.exd5 a6

"Saber não é suficiente, nós precisamos aplicar. Desejar não é o bastante, precisamos fazer!" (Bruce Lee). Ele vai quebrar com b5 e eu tenho que achar um plano... Qual o mais lógico? Mate! (Fier)

18.Td3

"Uma meta nem sempre precisa ser alcançada, muitas vezes ela simplesmente funciona como algo a ser atingido"

18...b5 19.Te3 Tc7

"Mestre, vejo que seus talentos estão além de suas aptidões físicas. Suas habilidades atingiram um ponto de inspiração profunda, mas... qual o nível máximo de técnica que você pretende atingir? - Ao nível de não ter técnica alguma. Muito boa resposta. Mas no que você pensa enquanto encara seu oponente? - Penso que não há oponente"

20.g4!

"Mestre, olhe como aquele lutador quebra facilmente tábuas de madeira! - Tabuleiros não revidam golpes..." (Bruce Lee) "Usei o plano de passar a torre pra h mais umas 2 vezes só nessa olimpíada!"(Fier)

20...Rg8 21.g5 Ce8 22.Dh4

"Em combate, a espontaneidade impera. Somente a exibição de técnica não basta"

22...Cg7 23.Th3

"Para conhecer a si mesmo é necessário estudar-se quando estiver em ação junto a outra pessoa"

23...h5 24.gxh6 Cf5 25.Df4 bxc4 26.bxc4 Tac8

"Uma boa disputa deveria ser como uma brincadeira, mas levada a sério. Um bom jogador não se torna tenso, mas pronto para a ação. Quando o adversário expande, ele contrai. Quando o outro se encolhe, ele avança. E quando surge uma oportunidade, ele não golpeia. O golpe age por si só!" (Enter the Dragon) "Hora de entrar nas complicações... Parecia que ia dar tudo certo... (Fier)"

27.Tc1 Db6

[se: 27...Db4 28.Bd3 eliminando o principal defensor do rei preto]

28.Bg4 Dd4 29.Dxd4 Cxd4 30.Bxc8 Ce2+ 31.Rf1 Cxc1 32.Bxa6 Cxa2 33.Tb3

"E eis que o cavalo surge meio sem casa no canto do tabuleiro... o rei tem que tomar cuidado do peão h e se for capturá-lo vai perder uns preciosos tempos... Vi que tinha chances!" (Fier)

33...e6?

"Quando se sentir desorientado, controle-se!" (Jogador de Poker tiltado) [33...Rh7]

34.dxe6 fxe6 35.Tb6 d5

[se: 35...Td7 36.Bc8]

36.cxd5 exd5 37.Txg6+ Rh8 38.Td6

"Agora é só questão de técnica e um pouco de nervos..." (Fier)

38...Cb4 39.Bb5 Ta7 40.Be2

Provocando o adversário.

40...Tc7

Que não aceita a provocação. Se: 40...Rh7 41.Tb6 Ta1+ 42.Rg2 Ta4 43.Bg4! cercando o cavalo e o rei pretos.]

41.Tb6 Cc6 42.Bd3 Tc8 43.f4 Cd4 44.Rf2 Tf8 45.Rg3 Cf5+ 46.Rg4 Ce3+ 47.Rg5 Cg2 48.Bf5 d4 49.Td6 d3 50.h7 Ce1 51.Bxd3

["Os bons jogadores sempre são sádicos" (A. Gianello) O melhor era: 51.Be4! Te8 52.Rh6 Tf8 53.Bd5! d2 54.Tg6 com mate.]

51...Cxd3 52.Txd3 Tf7!?

para manter chances de afogado... [se: 52...Rxh7 53.Td7+ Rg8 54.f5 Com final teórico ganho... 54...Ta8 55.Rg6 Rf8 56.f6 Re8 57.Th7 Ta6 58.Th8+ Rd7 59.Rg7 Ta2 60.f7 Tg2+ 61.Rf8 Re6 62.Re8 Tb2 63.Th6+ Rd5 64.f8=D]

53.Th3 Tg7+ 54.Rf5 Ta7 55.Th5 Ta1

"Mesmo aqui eu não sabia muito bem como ganhar o final, mas sentia que ia passar de algum jeito... Keep walking!" (Fier)

56.Rg5 Tg1+ 57.Rf6 Tg6+! 58.Re5 Ta6 59.Th3 Ta5+ 60.Re4 Ta4+ 61.Rf5 Ta6 62.Rg4 Tg6+ 63.Rf3 Ta6 64.f5 Ta4 65.Rg3 Ta1 66.Rf4 Tf1+ 67.Rg5 Te1 68.Rf6 Ta1 69.Te3 Rxh7 70.Rf7 Ta7+ 71.Te7 Ta6 72.f6 Rh6 73.Te6 Ta8 74.Te8 Ta7+ 75.Te7 Ta8 76.h4!

"Pra dar o golpe final..." (Fier)

76...Ta1 77.Te8 Ta7+ 78.Rg8 Rg6 79.f7

"E por fim venci... 79...Txf7 80.Te6+ Tf6 81.h5+ Rg5 82.Txf6 Rxf6 83.h6 ganhando... E a alegria de ter jogado contra o meu primeiro 2600+!" (Fier)