quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Estudo das Aberturas - parte 2 - Inglesa

O Estudo das Aberturas - 2
Blog do Disconzi
http://rodrigodisconzi.blogspot.com/2009/01/o-estudo-das-aberturas.html

Dvoretzky: “Quando você começa a estudar uma abertura logo terá uma enorme pilha de material, um grande número de partidas e várias páginas de texto da Enciclopédia de aberturas. Mas você não sabe exatamente o que é necessário, quais são os sistemas principais e quais os secundários. Você vê as variantes, mas não sabe o que há por detrás delas. E se o treinador lhe explicasse as idéias principais e lhe ajudasse a selecioná-las, isso lhe serviria de grande apoio. Em geral, você pode esperar ajuda de um treinador. Mas é muito eficaz, também, o trabalho em dupla com algum de seus amigos, pois cada um tem idéias próprias, análises particulares de aberturas e é útil fazer um intercâmbio, estudá-las conjuntamente”.
No último post fiz uma introdução às idéias básicas da Abertura Inglesa. Porém a maioria dos leitores vai questionar: Ok, para um MI escrever aquilo é fácil, mas e para o jogador médio fazer esta “leitura” da posição inicial sem o conhecimento ou experiência prévia? Como selecionar que lances ou variantes são válidos para serem incluídos num pequeno sumário?
Obviamente isso não é fácil, mas é preciso TENTAR fazer isso com cada abertura ou variante que se pretende estudar. O processo de COMEÇAR o esforço para o entendimento de algo que não compreendemos é o passo mais importante de todo o estudo. Mesmo que o resultado de uma primeira tentativa de leitura da abertura por conta própria seja limitado, o processo de realizar algo individualmente trará uma sensação de realização, gerando mais confiança em si mesmo e no seu jogo.
Abertura Inglesa – orientação inicial 2
**** 1.c4 c5 2.Cf3 Cf6 3.g3 b6 4.Bg2 Bb7 5.0–0 e6 opção das pretas para jogador que costuma jogar a Defesa Índia da Dama contra 1.d4

*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e6 3.Cf3 Bb4 opção das pretas para jogador que costuma jogar a Defesa NinzoÍndia contra 1.d4
*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 Inglesa com 4 Cavalos [também é possível 3.g3, mantendo a possibilidade de Cge2 3...Bc5 sólido ou
a) 3...Bb4 lutando pelo centro ao custo de trocar este bispo;
b) 3...d5 4.cxd5 Cxd5 5.Bg2 Cb6 Siciliana Dragão Invertida (5...Cxc3 6.bxc3 Bd6 7.Tb1 quase uma Grunfeld, mas onde pretas não incomodam centro branco);]
Desta posição de 4 cavalos, podem surgir várias estruturas que são similares a outras aberturas, sendo a mais provável Siciliana com cores trocadas. Brancas decidem o que querem jogar agora de acordo com as possibilidades das pretas, que se dividem em:
- jogar ...g6 e decidir se seguem com Bg7, 0-0 e d6 ou d5.
- jogar ...Bc5 e d6 jogo tranqüilo
- jogar ...Bb4 para dobrar peões ou controlar o centro
- jogar ...d5 rapidamente para abrir linhas.
*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 4.g3 d5 Siciliana Dragão 5.cxd5 Cxd5 6.Bg2 Cb6 Ou
a) 4...g6 'Siciliana Cerrada' 5.Bg2 Bg7 6.0–0 0–0 7.d3 d6 Inglesa pura;
b) 4...Cd4!? lance estranho, que pode contrariar regras básicas da abertura, mas que tem o objetivo de eliminar peça branca da ala do rei e jogar c6 para vigiar d5. 5.Bg2 (5.Cxe5?! De7 6.f4 d6 7.Cd3 Bf5 com vantagem (7...Cg4? 8.Bg2)) 5...Cxf3+ 6.Bxf3 as pretas perdem tempo com o Cavalo, mas podem controlar d5 com c6 e talvez explorar o vulnerável Bf3. 6...Bb4 7.Db3 Bc5e a dama não está melhor em b3, pois atrapalha a ala da dama! 8.0–0 0–0 9.d3 c6;
c) 4...Bc5 jogo simples;
d) 4...Bb4 Siciliana Rossolimo, buscando dobrar peões e controlar o centro.
*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 4.a3 Siciliana mais flexível, podendo ir a todas as variantes. 4.a3 evita Bb4 e desanima Bc5, preparando b4. 'Marini Variation' 4...d5 (sólido seria 4...g6 5.g3 (cedo para 5.d4 exd4 6.Cxd4 Bg7 7.e4 0–0 8.Be2 Te8 9.f3 Cxd4 10.Dxd4 Cxe4) 5...Bg7 6.Bg2 0–0 7.0–0 d6 8.d3) 5.cxd5 Cxd5 6.Dc2 Be7 7.e3.
*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 4.d4 Saindo das sicilianas, ficando na Inglesa. 4...exd4 5.Cxd4 Bb4! 'Nenarokov variation' (5...d5 6.cxd5 Cxd5 7.Cxc6 bxc6 8.e4 Cxc3 9.Dxd8+ Rxd8 10.bxc3 leve vantagem) 6.Bg5 h6 7.Bh4 com as opções 7...Bxc3+ (ou 7...0–0 8.Tc1 Te8 (8...Ce5));
*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 4.e3 Lance ardiloso e de aparência tímida. Siciliana Paulsen praticamente evitando d5 das pretas, preparando d4 também.
4...Bb4 Rossolimo outra vez. (Ou
4...d6 5.d4 e brancas tem d5 ou dxe5 como boas opções.; ou
4...d5 5.cxd5 Cxd5 6.Bb5 Cxc3 7.bxc3 Bd6 8.d4 com iniciativa)
5.Dc2 'Romanishin' (parece prematuro 5.d4 exd4 6.exd4 d5 (6...0–0 7.d5 Ce4 8.Dc2 Df6 (8...Te8 9.Be3) 9.Bd3 (9.Dxe4 Bxc3+ 10.Cd2 Dd8 11.Be2) 9...Cxc3 10.0–0) 7.Bg5 Be6 com equilíbrio)
5...Bxc3!? Pretas gastam o par de bispos sem que brancas ameacem, só para dominar o centro (linha antiga 5...0–0 6.Cd5 Te8 7.Df5 para incomodar d6 (7...Be7 8.Cg5 (8.Cxe5 Cb4) 8...g6 9.Df3 d6 10.h3) 8.Cxf6+ gxf6 (8...Dxf6 9.Dxf6 gxf6 leve branco) 9.Dh5 confuso) 6.Dxc3 De7 7.a3 (7.Be2 d5! e o jogo preto anda fácil) 7...d5 8.d4 com equilíbrio;


*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 4.d3 Siciliana Scheweningen , mas sem a flexibilidade de poder tirar o Bf1 a c4, b5 ou d3.]
*** 1.c4 Cf6 2.Cc3 e5 3.Cf3 Cc6 4.e4 Siciliana Cerrada. Parece esdrúxula a idéia de Ninzovich, mas funciona mais do que a aparência. Também tenta formar o Triângulo de Botvinnik com d3 e e4. As Brancas entregam d4, mas pretas teriam que gastar certos tempos para ocupar a casa, enquanto isso as brancas podem contra-atacar com f4 ou b4. 'Ninzovich' 4...Bb4 Pressionando o centro e evitando d4. Vejamos as alternativas pretas normais:
[4...Bc5 5.Cxe5! Cxe5 (5...Bxf2+ 6.Rxf2 Cxe5 7.d4 Ceg4+ 8.Rg1±) 6.d4 Bb4 (6...Bd6 7.c5!) 7.dxe5 Cxe4 8.Dd4 Cxc3 (8...Cc5 9.Bd2!) 9.bxc3 Be7 10.Dg4 (10.De4!?; 10.c5 0-0 11.Bd3) 10...Rf8! 11.Dg3 d6 equilíbrio;
4...g6 5.d4! India de Rei com Cc6 cedo.;
4...Be7 5.d4! domínio central]

5.d3 d6 6.g3 Bg4 [6...0–0 7.Bg2 Bg4 8.h3 Bxf3 9.Bxf3 Bc5 (9...Cd4!? 10.Bg2 a5!? 11.0–0 Bc5 12.Tb1 c6 13.a3² Ehlvest-AdamsTerrassa 1991) 10.0–0 h6 11.Bg2 a6 12.a3 = Onischuk-Berelovich/Donetsk 1998/CBM 68/ [Ribli] (34)]

7.h3 Bxf3 8.Dxf3 Cd4 9.Dd1 c6 10.Bg2 a6 [10...0–0 11.0–0 Bc5! 12.Rh2 (12.Ca4 De7 13.Cxc5?! dxc5) 12...a5 13.f4 b5 14.f5!? Bu Xiangzhi-Bacrot/ Turin ITA 2006]

11.0–0 b5 [Provavelmente era mais seguro rocar 11...0–0 12.a3 (12.f4 Bc5 13.Rh2 Dd7 14.Ce2= (14.fxe5 dxe5 15.Bg5 Be7 16.Dd2 (16.Tf2 Cg4+–+) 16...Tad8 leve vantagem preta)) 12...Bc5 13.b4 Ba7 14.Be3 b5 15.a4 a5! Com equilíbrio]

12.Be3 Bc5 [abriria linhas para as brancas 12...bxc4?! 13.dxc4 Bc5 14.Ca4 Ba7 15.c5! dxc5 16.Tc1 vantagem (16.f4!?); Sólido é 12...0–0 13.Ce2 Bc5 14.Cxd4 Bxd4 15.Bxd4 exd4 16.f4 (16.e5 dxe5 17.Bxc6 Tb8 18.cxb5 axb5 19.Bg2 Te8 com equilíbrio) 16...Tb8 17.cxb5 (17.b4 bxc4 18.dxc4 Txb4 19.Dxd4 d5 equilíbrio) 17...axb5 18.Dc2 c5 19.a3 com equilíbrio]

13.b4! [lento 13.Tb1 Ce6 14.b4 Bd4; Natural mas não pressiona tanto, pois pretas sempre tem Be7 para aliviar a pressão em f6 13.f4 0–0 14.fxe5 dxe5 15.Bg5 Be7]

13...Bxb4 [se: 13...Bb6 14.a4! com pressão na ala 0–0 15.axb5 axb5 16.Txa8 Dxa8 17.cxb5 cxb5 18.Cxb5 Cxb5 19.Bxb6; ou: 13...Ba7 14.a4 0–0 15.axb5 axb5 16.cxb5 Cxb5 17.Cxb5 Bxe3 18.Txa8 Dxa8 19.Cxd6]

14.Bxd4 exd4 15.e5! Abrindo caminho ao bispo da Inglesa!

15... Cd7 [15...0–0 16.exf6 Bxc3 17.fxg7 Rxg7 18.Bxc6 Tc8 19.Dg4+ Rh8 20.Bb7 Tc5 21.Bxa6 Bxa1 22.Txa1 com compensação]

16.Ce2 Db6? [16...Tc8 17.e6!? fxe6 18.Cxd4 Bc3! 19.Cxc6 (19.Cxe6 Df6 20.Tc1 Bb2 21.Tc2 Dxe6 22.Txb2 0–0 com equilíbrio 19...Txc6 20.Bxc6 Bxa1 21.Dxa1 0–0 confuso 22.cxb5 axb5 23.Bxb5 Ce5]

17.cxb5 [17.e6 fxe6 18.Cf4 0–0 19.Cxe6 Tf6 20.Cf4 Tf7 21.Dh5 Ce5]

17...axb5 18.Db3 Bc5 19.e6! fxe6?! [19...Ce5!? lance difícil 20.f4 Cc4! 21.exf7+ Rxf7 22.dxc4 d3+ 23.Rh2 dxe2 24.Tfe1 com equilíbrio]

20.Dxe6+ Rd8 21.Cf4 g5 [21...Rc7 22.De7 (22.Dg4 g6 23.Ce6+ Rc8 24.Cxc5 dxc5 25.Tae1) 22...g6 23.Ce6+ Rc8 24.Tfc1]
22.Ch5 Rc7 23.Cg7 Ta7 24.Ce8+ Txe8 25.Dxe8 com vantagem Db8 26.De4 d5 27.Dxh7 Rb6 28.a4 b4 29.a5+ Rb5 30.Tfe1 b3 31.Teb1 Bb4 32.Df5 [32.Dg7! era melhor] etc...½–½ Bu Xiangzhi-Miroshnichenko [A28] Antwerp, 26.08.2008

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