domingo, 18 de maio de 2008

ESCOLAS APONTAM QUE PROJETO XADREZ NA SALA DE AULA COMEÇA A APRESENTAR RESULTADOS

Por Róbinson Gambôa

Tido como uma mistura de esporte e ciência, o xadrez cada vez mais vem sendo usado em sala de aula como ferramenta aliada no processo de aprendizagem, revelando-se num interessante recurso pedagógico. No Brasil, já são inúmeras as experiências com iniciativas públicas na inclusão do xadrez no dia a dia das escolas.

Em Cachoeirinha (RS), incentivadas por um projeto financiado elo Fundesp, 18 escolas aderiram à idéia de usar o xadrez na educação. Em alguns casos os resultados começam a ser festejados. Professores e estudantes estão descobrindo na prática que o jogo desenvolve o raciocínio lógico, fazendo com que o aluno pense com agilidade e estratégia, melhorando seu poder de concentração e sua criatividade.

Na escola Municipal Getúlio Vargas, na Vista Alegre, a professora Marisete Bergamaschi incluiu neste ano o xadrez nos laboratórios de aprendizagem, que busca oferecer atividades como reforço escolar para alunos com alguma dificuldade. O desafio maior foi conseguir atrair os estudantes até a escola no turno contrário às aulas. Mais do que cumprir com essa tarefa, o xadrez acabou virando uma febre entre os adolescentes. Hoje, cerca de 60 alunos da manhã voltam à escola à tarde, nas terças-feiras, para jogar, debater, aprender e ensinar.

Marisete conta com a ajuda de dois monitores, alunos da 8ª série, que participaram das oficinas do Fundesp, em abril. José Barcelos e Marlon Conceição demonstram paciência e dinâmica para ajudar a ensinar. No dia 12 de outubro, a escola fará um campeonato interno para revelar os primeiros talentos surgidos no projeto. A diretora Jane Dorneles conta que os resultados já são visíveis. “Eles estão com a auto-estima alta, se sentem valorizados e melhoram a convivência em grupo”, conta. Jane, que ainda não sabe jogar xadrez, já pensa em ampliar a abordagem da atividade na escola. “Queremos começar com oficinas, abertas a todos os alunos, e não só os do Laboratório. Vamos começar na semana da criança. Se der certo, vamos continuar”, conta. Jane também autorizou nesta semana a compra de uma coleção com 12 livros especializados sobre o assunto.

Na Escola Municipal Maria Fausta Teixeira, a professora Cristina Winter pensa em adotar o xadrez nos seus laboratórios. Insegura por não dominar as estratégias mais complexas do jogo, Cristina esteve visitando o trabalho desenvolvido na Getúlio Vargas, e gostou do que viu. “Vamos começar com o xadrez ainda nesta semana”, confirmou. Até o fim do ano, ela quer montar uma equipe para visitar a escola vizinha para jogar.

Na escola Tiradentes, as oficinas coordenadas pelo professor Ernani Cibeira já criaram um pequeno ídolo. Leonardo Alves, de 11 anos, venceu os dois torneios promovidos na escola neste ano, desde julho. No dia de receber sua primeira medalha, Leonardo enfrentou numa série de cinco partidas a estudante Débora Lemos, de 17 anos, aluna da Escola Princesa Isabel, que foi a campeã municipal dos Jergs na categoria feminino. Leonardo venceu por 3 a 2 e virou um herói entre os colegas. Ernani quer agora promover o garoto a monitor, para ajudar outros colegas a aprenderem. As atividades ocorrem no laboratório de informática, nas quintas-feiras à tarde.

Na Escola Portugal, a professora de matemática Lílian Einsfeldt foi mais adiante, e adotou o xadrez no currículo da sua disciplina. Ali, o jogo faz parte das aulas. “É possível treinar a memorização. As habilidades no jogo auxiliam o aprendizado de todas as outras disciplinas”, explica. Na Portugal, os dois tabuleiros oficiais doados pelo Projeto do Fundesp a todas as 18 escolas envolvidas, não foi suficiente. Lílian confeccionou tabuleiros em papel e comprou peças de plástico em lojas de R$ 1,99.

Na escola Roberto Silveira, quatro professores que trabalham com a matemática tem se reunido para discutir a forma como irão trabalhar o xadrez.

Nas escolas Nossa Senhora de Fátima e Luis de Camões, ambas estaduais, o xadrez tem sido usado no projeto Escola Aberta, aos sábados. Na Fátima, a professora de educação física Stela Rodrigues também trabalha com o jogo nas suas aulas, de segunda a quinta-feira.

O professor Nilson Magnus, da escola Osvaldo Camargo também desenvolve atividades com o xadrez nas suas aulas. “A partir da 5ª série, todos têm contato com o xadrez. Daí, muitos acabam desenvolvendo uma seqüência”, conta. Na Escola, o xadrez faz parte todos os anos dos Jogos da Primavera, uma olimpíada anual entre as turmas com diversos esportes.

Nenhum comentário: