domingo, 1 de março de 2009

Dicas para o ensino do Xadrez nas Escolas

Blog do Disconzi
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Recentemente precisei elaborar algumas dicas resumidas para professores que recém haviam sido capacitados a ensinar o Xadrez nas Escolas. Após algumas pesquisas na internet e em alguns livros, e após algumas traduções e adaptações próprias, elaborei um texto que segue abaixo.

DICAS SIMPLES PARA O ENSINO DO XADREZ NAS ESCOLAS

PROFESSOR:
1- Não precisa ser um grande jogador, pois o que os alunos querem mesmo é jogar. O segredo é saber balancear o ensino com a diversão.
2- Um professor de xadrez deve ser, antes de tudo, um motivador. Motivação para jogar, para prestar atenção na aula e, talvez, para motivar alunos a treinarem sozinhos.
3- Uma importante tarefa do professor é saber em que fase do aprendizado os alunos se encontram e qual o próximo passo a ser dado.

PARTIDAS NA SALA DE AULA:
1- São essenciais ao aprendizado do jogo. Os alunos aprendem uns com os outros.
2- Se ao término do horário de aula a partida não tiver acabado, o professor pode estabelecer a contagem de peças e depois dos pontos das peças para determinar o vencedor.
3- ATENÇÃO! È importante ressaltar que este procedimento não ocorre em campeonatos, só em amistosas na sala de aula.
4- Em partidas que um dos lados fica só com o rei, recomenda-se que o aluno comece a contar até 30 ou 50 jogadas dele, para ficar mais emocionante. Se o adversário não conseguir dar Xeque-mate em 30 jogadas, a partida empata.

AULA:
1- Toda aula deve ter uma meta a ser atingida.
2- Em cada início de aula, recapitular rapidamente o que foi aprendido nas últimas aulas.
3- Sempre que estiver contando algo ou explicando, procure MOSTRAR no tabuleiro mural.
4- Teoria (saber o quê) e prática (saber como fazer) devem andar juntos.
5- Recomenda-se 25% da aula com teoria e 75% de prática, sendo que 50% para cada seja também normal. (No início, quando se ensinam os movimentos básicos, pode ser necessário um pouco mais de teoria).
6- Ao se ensinar teoria, a criatividade do professor pode entrar em cena caso ele consiga ensinar o assunto em formato de história a ser contada, com um pouco de ficção ou história que todos conhecem.
7- Quando há tempo para isso, no início da aula o professor passa um pequeno e rápido teste para confirmar o aprendizado das aulas recentes.
8- Em países de primeiro mundo, aconselham 12 alunos por turma. Realidade bem diferente da nossa.

XEQUE MATE:
1- Postergar ao máximo possível o ensino de técnicas de Xeque Mate, para que os alunos dominem as outras habilidades básicas do jogo: MOVIMENTAÇÃO DAS PEÇAS, ameaçar, capturar e defender.
2- O Professor pode e deve ensinar o conceito de Xeque e Xeque Mate, mas não deve se preocupar se os alunos não conseguem executar xeques-mate logo no início.
3- Para os iniciantes, capturar todas as peças do oponente é uma meta saudável, pois crianças ficam fascinadas pelas capturas, mesmo quando realizam trocas desfavoráveis.

APRENDIZADO:
1- Após as primeiras lições, os alunos passam por duas fases:
1.1 – Fase Material: Captura de peças é a meta. As crianças exploram, cada uma no seu ritmo, as peças e o jeito que elas se movem pelo tabuleiro.
1.2 – Fase Espacial: Fase onde se procura dominar o conceito de Xeque-Mate e a busca pelo Xeque –Mate. Para esta fase ser efetiva, era essencial ter apreciado na fase anterior a divisão espacial do tabuleiro. Uma grande sacada seria notar que ao se mover uma peça ele ataca não só outras peças, mas também domina e controla várias casas. Essa visão espacial é essencial para o Xeque-Mate, pois se trata de limitar as casas e fuga do rei adversário, cortando-lhe saídas. Notamos isso principalmente quando é necessário dar xeque-mate de várias peças contra um rei sozinho.
2– Seria uma perda de tempo ensinar Xeque-Mate para uma criança que não sabe mover as peças.
3- Nestas fases iniciais, não é aconselhável forçar as crianças a pensar bastante antes de jogar seus lances, pois elas ainda não dominam outros fatores relevantes do jogo exceto o material. Se o jogo demorar muito, as crianças ficam entediadas e perdem o interesse. Numa fase futura, aí sim devemos sugerir maior observação da posição das peças no tabuleiro.
4– Crianças iniciantes não costumam notar se as peças estão atacadas ou não, elas gostam de mover sua peça preferida, ou de contar quantas peças capturaram ou do formato que os peões tomaram em conjunto.

PSICOLOGIA:
1- O mais notável, e talvez mais importante, seja o imediato ganho na autoconfiança dos alunos. O xadrez é geralmente relacionado como atividade intelectual, e quem joga passa a ser visto como alguém esperto.
2- Neste sentido, para o professor não devem existir alunos que jogam mal na sala de aula, e sim alunos que aprendem num ritmo diferente dos demais.
3- Para atender alunos de uma mesma sala com diferentes níveis de compreensão do jogo, sempre prepare perguntas de diferentes níveis.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO:
1- Xadrez é um jogo de lógica, que, segundo Piaget, crianças só desenvolvem a partir dos sete anos de idade.
2- Seguindo o modelo de Piaget, que identificou 4 níveis de desenvolvimento cognitivo, no xadrez também podemos aproveitar tal divisão:
2.1- Fase Não-Lógica
2.2- Lógica Básica
2.3- Lógica simples
2.4- Lógica Complexa

Digamos que um aluno ataca a dama de outro, que agora tem a vez de jogar.
- Se estiver na fase 2.1 ele não fará nada contra a ameaça, pois não notará a ameaça ou, pois não dará importância ao fato de que o cavalo vale menos que a dama.
- Se estiver na fase 2.2 ele irá fugir com a dama, mas sem checar se a nova casa é segura para a dama e livre de captura.
- Se estiver na fase 2.3 ele moverá a dama para a primeira casa livre e segura que encontrar.
- Se estiver na fase 2.4 ele notará todas as casas livres e seguras para a dama antes de escolher para qual deve mover.Mas também ele irá procurar outros lances que não sejam somente defensivos, como, por exemplo, atacar a dama do oponente ou buscar alguma ameaça de xeque mate (altamente efetiva idéia, pois o outro irá provavelmente querer capturar a dama ameaçada).

ALGUMAS QUALIDADES DO XADREZ ESCOLAR:
Honestidade, Tomada de decisão, Processo de Análise e aprender a Trabalhar sob pressão.

PRÊMIOS EM TORNEIOS:
1- Se possível, todos os alunos deveriam ganhar algum tipo de prêmio. No torneio escolar oficial da Inglaterra, todos os 70 mil ganham alguma coisa, nem que seja um distintivo (ou emblema) para colar uma estrelinha a cada vitória obtida. A cada 10 vitórias, uma estrela de outra cor, por exemplo.

TORNEIOS ESCOLARES:
1- Numa etapa inicial, as partidas não necessitam de relógio ou de anotação das partidas. Os alunos mais novos, ou iniciantes, jogam rápido.
2- Os alunos podem ser divididos em grupos de idade ou por ano escolar, disputando torneios separados.

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