Todo jogador tem dificuldades para estudar. Seja por falta de tempo ou de material, principalmente por falta de método ou de disciplina. Diz-se que cada um deve descobrir o SEU método. Para descobrirmos o nosso, seria interessante se cada um contasse aos outros o seu próprio método de estudo. Abaixo segue uma sugestão.
Pegar qualquer partida de um livro, revista ou base de dados. Se ela estiver analisada, melhor. Se tiver analisada por mais de um jogador, melhor ainda. Mas você irá estudá-la sem ver nenhuma das análises.
Procure a partida num banco de dados e imprima-a sem as análises. Ou veja-a sem as análises no programa (Chessbase, por exemplo, conta com a opção de visualização das jogadas chamado TRAINING, que esconde as jogadas no campo da anotação!). Depois você pode comparar suas avaliações, tomadas de decisão, lances de abertura e variantes com os comentários do jogador que analisou a partida.
Mesmo que seja uma partida entre jogadores não tão fortes nem famosos. Para alguma coisa o trabalho servirá: localizar os erros e apontar correções, melhorar a defesa do lado pior, tentar inventar confusões, etc...
O principal OBJETIVO de estudar uma partida de xadrez é se acostumar a criar uma postura crítica sobre a partida e tentar FAZER PARTE DELA. Deixar de ser um mero observador para ser um consultor, avaliador, capaz de resumir os acontecimentos e sugerir melhoras.
Estudando devagar, qualquer posição, estaremos trabalhando aos poucos para melhorar nossa a capacidade de bater o olho numa posição e, rapidamente, avaliar a estrutura de peões e suas rupturas, medir a segurança dos reis, localizar peças mal colocadas, notar temas táticos possíveis, a harmonia e coordenação entre as peças, etc...
Se for uma partida entre GMs que você esteja estudando, tente localizar o que motivou a derrota de um deles (lance exato do erro, lances duvidosos ou estratégia duvidosa). Faça perguntas do tipo: - Porque jogou este e não este? Que aconteceria se jogasse este lance que parece óbvio e não foi jogado? Os lances efetivamente jogados numa partida são somente a ponta de um Iceberg. Boa parte dos acontecimentos num grande batalha acontecem nos bastidores das análises.
Seria como se você estivesse emprestando o carro de um GM. Durante a aula, o treinador pede ao aluno que sente no banco do motorista e dirija a partida pelo GM. Sem medo de cometer barbeiragens, pisar muito fundo no acelerador ou esquecer de frear a posição.
O Estudo solitário deve servir para treinar avaliação, julgamento, tomada de decisão, além de cálculo, tudo ao mesmo tempo. Ou seja, não importa muito a partida em si durante o estudo. Importa mais O QUE VOCÊ FAZ COM A PARTIDA.
É aconselhável anotar as próprias variantes, comentários, no ChessBase e pedir para o professor ou amigo mais forte avaliar ou usar software para ajudar a analisar. Mas cuidado para não cair na tentação de deixar o computador te enganar com longas variantes impossíveis de se calcular na prática. Domar a máquina é tarefa que pode demorar um pouco para se conseguir.
Para treinar sozinho seria ideal SIMULAR situações de jogo. Para isso influi o ambiente da sua casa, TV desligada, som desligado, sem perturbações... Até o barulho do tic-tac do relógio de xadrez pode ser útil para alguns (num momento posterior, até se pode incluir barulhos para testar a concentração).
Uma das principais simulações é o condicionamento a RESOLVER PROBLEMAS, mas não do tipo mate em 3 ou jogue e ganhe, mas sim problemas reais que ocorrem durante uma partida de torneio: como ocupar esta casa, como abrir linhas e evitar o plano do oponente ao mesmo tempo, qual peça desenvolver antes, troco espaço por iniciativa, troco estrutura por material, troco iniciativa por posição?
O estudo ATIVO é essencial. Não adianta pegar partidas analisadas comentadas, já mastigadas, vê-las rapidamente e sair achando que estudou ou que aprendeu alguma coisa. É necessário ROER OSSO, AFIAR OS DENTES, por conta própria. Para progredir, além do conhecimento que devemos adquirir, precisamos melhorar nossas HABILIDADES.
Um interessante treino prático é tentar ganhar partidas ganhas, enrolar partidas perdidas, defender partidas difíceis, aprender a não ser enrolado, evitar contra-jogo perigoso quando estamos no domínio.
Para isto, um bom treino é enfrentar o computador em posições montadas com grande vantagem para nós. A maioria dos livros nos ensina como conseguir vantagens nas posições, nas aberturas ou no meio jogo. Mas ganhar estas partidas com vantagem depende só do jogador.
Blog do Disconzihttp://rodrigodisconzi.blogspot.com/search?updated-min=2008-01-01T00%3A00%3A00-02%3A00&updated-max=2009-01-01T00%3A00%3A00-02%3A00&max-results=26
sexta-feira, 6 de março de 2009
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