Uma partida de xadrez pode terminar de várias maneiras:
- queda da seta do relógio, do nosso ou do adversário;
- empate de comum acordo ou empate técnico;
- rei afogado;
- um dos jogadores se rende, pois percebe que tem uma posição irremediavelmente perdida.
- Mas uma das maneiras de terminar uma partida que, na maioria dos casos atrai mais o público enxadrista e, possivelmente, de muita beleza é a posição de xeque-mate.
A Wikipedia define o Xeque Mate como: "Xeque mate é uma alteração da expressão árabe [ash-]shah mat, que significa, literalmente, [o] rei está morto".
Não importa o rótulo que damos ao xadrez: ciência, arte ou esporte. Na prática do xadrez existe um objetivo claro, e que devemos perseguir, pois com ele ganhamos a partida: "Dar xeque mate no rei”.
O xeque ao nosso rei ou no rei do adversário é uma ameaça para capturar o rei. Em jogos amistosos, no geral, podemos avisar que uma das nossas peças está dando xeque no rei adversário, mas nos jogos oficiais de torneio, não é necessário alertar o cheque, uma vez que "supostamente" o adversário deve saber pela posição das peças no tabuleiro.
Para se livrar da ameaça de xeque-mate, temos várias opções:
a) Capturar a peça que está nos dando cheque.
b) Interpor uma peça própria, na coluna, linha ou diagonal de onde estão nos atacando. Sempre e quando o xeque não é dado por um cavalo, uma vez que o cavalo salta por cima das peças e não é possível colocar uma peça se interpondo ao xeque de cavalo.
c) Mover o rei para uma casa que não está sendo atacada.
Um destas três maneiras serve para evitar um xeque, mas se não podemos fazer qualquer uma dessas três ações, e não podemos eliminar a ameaça de xeque mediante uma jogada legal, então o xeque é um "Xeque Mate" e termina a partida, pois o rei não pode eliminar a ameaça de forma alguma... CAÇAMOS O REI, OBJETIVO CUMPRIDO!
No entanto, não é fácil chegar a uma posição de xeque-mate e raramente as posições de xeque-mate são uma série de ações aleatórias. Para chegar ao xeque-mate, precisamos de uma combinação de estratégia e tática. Sem esses dois elementos, nunca vamos entender o verdadeiro entremeio das combinações das peças de xadrez, não entenderemos as partidas dos jogadores profissionais, e deixaremos que o erro do adversário ou que a sorte assuma o controle do nosso jogo.
Como cita Garry Kasparov em seu livro, Como a vida imita xadrez: "A estratégia representa o fim e a tática o meio".
A estratégia é o curso de ações (seqüência de movimentos) conscientemente desejadas e determinadas que buscam uma finalidade que nos aproxime de nossos objetivos. Assim, como explicado acima, o objetivo do xadrez é capturar o rei, portanto, a estratégia no xadrez está a implementar um sistema que visa capturar o rei contrário.
A tática é o conjunto de ações específicas nas quais nossas peças se combinam para alcançar um objetivo. Digamos que a tática é a execução das nossas ameaças.
Muitas vezes em nossa vida cotidiana, necessitamos da estratégia e da tática para realizar determinadas ações. Por exemplo, para conseguir um trabalho qualitativamente melhor, precisamos de um plano (estratégia): encontrar um emprego em nosso setor, selecionar as empresas que nos interessam, um tempo adequado para a pesquisa, buscar nos melhores portais de emprego, etc. Mas também necessitamos a tática: na entrevista, temos de convencer nosso interlocutor que somos a pessoa que ele está procurando.
Não podemos esperar que o trabalho venha até nós, não fazer nada para encontra-lo ou simplesmente não planejar adequadamente a busca. O trabalho até pode chegar a nós, a sorte pode fazer que o encontremos, mas na maioria dos casos, o sucesso não chegará se não planejarmos adequadamente.
Se entendermos a importância da estratégia e táctica, não será difícil compreender porque é tão importante o estudo da teoria no xadrez, o conhecimento de posições típicas, e a análise das próprias partidas.
O melhor para entender esses conceitos comentados é colocar uma posição típica de xeque-mate.
Posição número 1
Esta posição reflete uma posição típica de mate. Para tentar englobar posições típicas no xadrez, vamos chamá-las de "temas". No caso, este é um tema tático de ataque ao roque. Se olharmos para a posição, o rei negro está isolado na casa h8. Também podemos observar que o rei não tem muitas casas para onde se mover, já que tem diante de si os peões de h7 e g7, os quais, inclusive, não estão defendidos por nenhuma peça negra. Assim podemos dizer que o roque negro é débil.
A posição do branco também é delicada, já que o rei está em uma coluna aberta sem qualquer proteção, contudo, suas peças ocupam diagonais e colunas, portanto, e dessa forma são mais dinâmicas e podem entrar em ação rapidamente.
Se nesta posição fosse a vez das negras jogar, teriam uma vantagem decisiva, pois tomariam o cavalo de “e7” e teriam vantagem material e iniciativa. No xadrez o tempo é fundamental e, para o azar das negras, o lance é das brancas.
Assim, o branco precisa de uma combinação tática, que crie uma posição favorável ou ganhadora. Para tanto, não deve hesitar em sacrificar material, se os cálculos estão corretos. Neste caso:
1.Qg8+ Rxg8 (o rei não pode capturar a dama em g8 porque está protegida pelo cavalo de e7) 2.Ng6+ hxg6 (única porque o rei não pode mover-se, está preso em h8 e não existe outra jogada legal para sair do xeque) 3.Rh1++ (xeque mate!).
Uma técnica, quando não vemos uma combinação que nos dá uma vantagem, é a de isolar do tabuleiro e da nossa mente as peças que não estão envolvidas na ação. Neste exemplo, de ataque ao roque, o tabuleiro ficaria assim:
Qual a forma mais fácil de visualizar uma combinação?
Para ter uma visão geral da partida é necessário que todas as peças que estão no jogo estejam na nossa mente e no nosso tabuleiro, mas para uma ação concreta podemos isolar as peças que estão envolvidas na combinação. A visão global e a visão específica é o mesmo que estratégia e táctica.
Para quem deseja trabalhar um pouco a visão concreta (tática) recomendo o livro Cadernos Práticos de Xadrez – Ataques ao Roque [ http://www.agapea.com/libros/ATAQUES-AL-ENROQUE-CUADERNO-PRACTICO-AJEDREZ-5-isbn-8479026251-i.htm ], de Antonio Gude.
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