Esta é a pergunta que muitos enxadristas estão fazendo hoje em dia desde o momento em que alguns dos melhores jogadores do mundo começaram a acusar-se mutuamente, a partir de 2005, levantando uma enorme nuvem de suspeita em torno do mundo do xadrez, o que pode trazer muito dano no futuro, pois começaremos a duvidar de qualquer jogador que se destaque dos demais.
As acusações mais importantes começaram após o Campeonato Mundial de São Luis, onde Topalov não encontrou um rival e seu jogo foi muito superior aos demais.
Foi uma relativa surpresa para o mundo do xadrez, pois até então Topalov já havia demonstrado ser um bom jogador, porém seu domínio “esmagador” sobre os adversários recordou os tempos de Kasparov.
Jogadores como Morozevich e Svidler expressaram suas duvidas a respeito das partidas de Topalov, por serem demasiado perfeitas e parecidas com o que sugeriam alguns programas de xadrez. Também comentaram que as medidas de segurança tomadas pela organização foram escassas, o que facilitaria bastante que alguém fizesse algum tipo de trapaça.
É claro que foram somente especulações sem um fundamento baseado em fatos ou informações reais. Talvez a ausência de Kasparov tenha sido uma motivação a mais para que Topalov subisse alguns degraus de seu nível de jogo...
O episódio seguinte, uma vergonha para o mundo do xadrez, foi a disputa entre Kramnik e Topalov pela reunificação do titulo mundial, talvez a mais importante após os tensos duelos entre Kasparov e Karpov.
O fato é que durante o match, Kramnik foi uma dezena de vezes ao banheiro durante as partidas e este estranho comportamento levantou muitas suspeitas na equipe do búlgaro, que acusou Kramnik de mover as peças rapidamente todas as vezes que voltava do banheiro e, sempre, com lances muito bons.
O comportamento de Kramnik, realmente, foi muito estranho, mas não foram encontradas provas conclusivas que demonstrassem que ele estivesse trapaceando. Mas sem duvidas, a discussão posterior entre os membros das duas equipes mancharam e envergonharam os enxadristas do planeta.
Por ultimo temo o importante torneio Corus 2007 quando, novamente, o suspeito voltou a ser Veselin Topalov. Uma importante revista enxadrística publicou que durante a 2ª e a 3ª rodada o representante de Topalov teve um comportamento, no mínimo, estranho. Segundo se observou, Danialov saia da sala para falar em seu celular de tempos em tempos e sempre que regressava ao salão dos jogos, fazia sinais “secretos” a Topalov para que este realizasse lances recomendados por um forte programa de xadrez – lances estes que eram passados a Danialov, acredita-se, durante suas chamadas telefônicas. Sem duvida, acusações graves, porém mais uma vez sem provas cabais.
Além destes, alguns outros casos envolvendo jogadores mais modestos também foram registrados. Um destes é o do jogador da Índia, Diwakar P. Singh (foto ao lado), que conseguiu a façanha de somar 260 pontos no seu Elo em um curtíssimo prazo de tempo. Por tratar-se de algo bastante difícil, a Federação de Xadrez do seu país resolveu fazer uma investigação. A conclusão a que se chegou é que Diwakar realizava jogadas praticamente iguais às feitas pelo programa Deep Junior. Outro fato importante é que em 2006, Diwakar, venceu o campeonato indiano, mas em 2007, já com um rigoroso controle por parte da organização da competição com vistas a evitar o uso de aparatos eletrônicos, para a surpresa geral, Diwakar terminou a competição na modesta 25ª colocação. Neste caso especifico, parece que a grande progressão do jogador não se deveu a um “milagre”, mas sim à “divina” ajuda de um programa.
Não se pode questionar que o fato de que os programas de xadrez ajudam, e muito, os jogadores a dar um salto na qualidade no nível de jogo, mas, como tudo na vida, também tem o seu lado ruim. Cada vez mais os jogadores trabalham com programas no seu dia-a-dia, o que os ajuda a progredir com muito mais rapidez. Mas é verdade também que o uso dos computadores está gerando jogadores com um estilo artificial, especialistas em aberturas, porém, a muitos, falta o mais importante: talento. Não existe a preocupação em estudar profundamente as partidas dos torneios. A maioria apenas olha ligeiramente alguns jogos e procura jogar aberturas sólidas onde possa conseguir um empate rápido. Enfim, o medo de perder gera o medo de ganhar.
Há algumas décadas atrás os jogadores não dispunham de computadores para treinar ou analisar partidas e, desta forma, pegavam um tabuleiro, colocavam as peças e punham-se a move-las. Este sim era o xadrez puro, onde quem tinha talento saía-se melhor.
Como praticante do xadrez também me incomoda o uso generalizado de programas em alguns sites de jogos on-line. É muito chato para quem gosta de jogar xadrez descobrir que não está jogando contra o Alberto, a Regina, mas sim contra o Fritz.
Sempre me pergunto que tipo de experiência, qual o real valor de conhecimento este tipo de procedimento agrega ao jogador que joga partidas com o auxilio de programas.
Fico pensando no dia em que sentar frente a frente com um adversário, em um torneio ao vivo, e começar a desconfiar dos lances precisos e seguros dele. De repente começarei a pensar com meus botões: esse cara joga tudo isso mesmo, ou o Sr. Fritz está lhe passando as jogadas?
(by Mario Vaz)
domingo, 7 de junho de 2009
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2 comentários:
Gostei do Post! Vlw Autoridade
Belo post! Ja tinha visto seu blog antes, mas a cor era mais escura, preta eu acho. Assim mais claro ficou bem melhor.
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